Não há nenhuma perspectiva de definição sobre uma audiência do presidente Michel Temer com o governador da Paraíba, Ricardo Coutinho, do PSB. No final de outubro, o gestor socialista revelou que havia protocolado no Palácio do Planalto um pedido de audiência com o presidente para tratar de assuntos da Paraíba. Ricardo ficou particularmente irritado com o rebaixamento da posição do Estado no ranking nacional pela Secretaria do Tesouro da Presidência, o que dificulta operações para contratação de empréstimos externos e internos. Ele se considerou retaliado por ter tomado posição contrária ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Também não descartou a hipótese de que parlamentares que são adversários seus e têm prestígio no atual governo tenham operado para inviabilizar o despacho entre o presidente e ele.
O tema ganhou ares de controvérsia porque integrantes da assessoria direta de Temer em Brasília negaram a senadores paraibanos que houvesse sido protocolada a audiência com o governador paraibano. Outras versões davam conta de que o presidente da República estava com a agenda cheia de compromissos, além de ter outras prioridades para cuidar como a negociação do projeto fixando teto para gastos públicos, que tem causado polêmica dentro e fora dos poderes constituídos. Ultimamente, assessores do gestor paraibano passaram a confiar na liberação automática de recursos oriundos da repatriação judicial que vem sendo obtida em relação a dinheiro desviado por agentes públicos do Brasil para paraísos fiscais no exterior. O governador teria conseguido agendar contatos com a presidente do Supremo Tribunal Federal, Cármen Lúcia, que atuaria como árbitra no conflito com a União sobre recursos devidos à Paraíba.
Embora o partido a que Ricardo é filiado seja considerado como integrante da base de sustentação política do governo Temer, o governador paraibano insiste em manter linha dissidente, negando apoio ao atual presidente. Quando ocorreu o impeachment, Ricardo deu declarações à imprensa nacional qualificando de “ilegítima” a ascensão do então vice-presidente da República. Ele também deu cobertura a um evento público realizado no Espaço Cultural em João Pessoa, na fase de julgamento de Dilma, em que a presidente afastada pôde entoar a cantilena de vítima de um golpe parlamentar. Ricardo explicou ao site “Congresso em Foco” que não estava pleiteando audiência para tratar de assuntos particulares, mas de problemas de interesse da população paraibana que dependem de atenção do governo federal.
O senador peemedebista José Maranhão chegou a duvidar que o presidente Michel Temer tenha declarado retaliação à Paraíba. O clima de hostilidade entre o governador e o Palácio do Planalto levou Ricardo a boicotar, recentemente, a visita do ministro das Cidades, Bruno Araújo. O chefe do executivo estadual alegou que havia sido retirada parcela de verba destinada a obras do viaduto do Geisel em João Pessoa e considerou que havia uma perseguição mesquinha da parte de auxiliares da administração federal. O ministro, indagado sobre a ausência do governador, lamentou o fato mas disse que respeitava o posicionamento de quem quer que seja.
Por NONATO GUEDES