Na entrevista que concedeu, ontem, ao programa do radialista Antônio Malvino, na RPN-João Pessoa, o governador Ricardo Coutinho (PSB) comentou o interesse de integrantes da bancada federal da Paraíba no Congresso em acompanhá-lo na audiência com o presidente Michel Temer, amanhã, no Palácio do Planalto. Desabafou que o problema, de sua parte, não é o de aceitar ou não a presença desses parlamentares, mas, sim, o fato de que vai em busca de solução para os problemas do Estado. “Não vou em busca de bater uma foto com o presidente da República, criar um factóide, mas, sim, procurar resolver coisas pendentes, reivindicações que foram, inclusive, atrapalhadas por alguns integrantes dessa bancada. Eu seria hipócrita se dissesse que está tudo bem e que na prática funciona a famosa unidade da bancada paraibana na Câmara e no Senado. Não é bem assim a realidade”, enfatizou o governante, explicando melhor a sua postura.
Coutinho quer discutir a situação financeira da Paraíba a partir do contencioso envolvendo queda no repasse de verbas do Fundo de Participação dos Estados, retenção de recursos que já estavam alocados no Orçamento Geral da União e rebaixamento da posição da Paraíba no ranking da Secretaria do Tesouro Nacional, o que criou problemas para o Estado contratar empréstimos internos e externos a fim de fazer face a encargos e compromissos assumidos. A audiência chegou a ser dificultada, o que levou Ricardo a suspeitar de retaliação pelo fato de ter apoiado a ex-presidente Dilma Rousseff no processo de impeachment que ela sofreu, ao mesmo tempo em que contestou a legitimidade do governo de Michel Temer. Foi o senador peemedebista paraibano Raimundo Lira que entrou no circuito, junto ao Palácio do Planalto, e confirmou diretamente com Temer o agendamento da audiência para amanhã. Lira tem convite do governador para participar da audiência, o que reforçaria o encaminhamento das pretensões do Estado.
No depoimento a Antonio Malvino, o governador desabafou que sempre propôs e gostaria de contar com uma união efetiva da bancada paraibana em torno dos projetos de interesse público que sua gestão está executando. “Mas, sinceramente, fico triste ao examinar o Orçamento Geral da União e verificar que nenhuma emenda em benefício do nosso Estado foi incluída”, ressaltou. A sua expectativa é de que o Planalto seja sensível à pauta de demandas que está preparando para levar, da mesma forma como tem sido pródigo ao flexibilizar concessões a Estados que enfrentam dificuldades por causa da conjuntura nacional para manter estável a situação das respectivas finanças. No encontro que manteve com os deputados estaduais, em café da manhã, na Granja Santana, ontem, o governador solicitou o apoio de todos os parlamentares da sua base com vistas à aprovação de um orçamento enxuto para o próximo ano. Apresentado como novo secretário de Planejamento, Gestão e Orçamento, Waldson Souza afirmou que sua principal prioridade será conduzir a Lei Orçamentária e manter os índices fiscais do Estado dentro dos parâmetros que sejam os melhores possíveis.
Waldson salientou que terá muito trabalho para garantir as contas ajustadas, mas frisou que está tranquilo e disposto a conduzir esse trabalho. Outro ponto importante para o qual chamou a atenção foi o de assegurar a folha de pagamento para que não ocorra atraso salarial. “Vamos tratar das medidas que coloquem o Estado nas condições que o Tesouro Nacional preconiza, esta é a meta. Vamos discutir muito sobre a condução das áreas técnicas para que o acompanhamento seja feito atentamente”, adiantou. O deputado Gervásio Maia, relator da Lei Orçamentária, destacou a necessidade de incluir na peça um cenário mais próximo da realidade, principalmente por causa da crise financeira que tem afetado os Estados.
Por Nonato Guedes