Em clima de expectativa, ocorrerá ao meio dia de hoje no Palácio do Planalto, em Brasília, a audiência do governador da Paraíba, Ricardo Coutinho (PSB) com o presidente da República, Michel Temer (PMDB). O gestor paraibano se fará acompanhar apenas pelo senador Raimundo Lira, do PMDB, que intermediou o despacho com o presidente depois de mal-entendidos e suspeitas da parte de Ricardo sobre suposta sabotagem de integrantes da bancada federal paraibana a ações do governo federal em favor do Estado. O tema principal será a crise econômica-financeira, agravada com o rebaixamento da nota da Paraíba no ranking nacional pela Secretaria do Tesouro vinculada à presidência da República.
O governador paraibano rejeitou a sugestão do deputado federal Benjamin Maranhão (SD), coordenador da bancada federal em Brasília, para que os integrantes da representação parlamentar do Estado comparecessem à audiência como forma de reforçar o encaminhamento dos pleitos pelo governador. Coutinho, numa entrevista ao radialista Antonio Malvino, na RPN, foi enfático ao dizer que sempre defendeu a unidade das forças políticas paraibanas em prol dos interesses do Estado, mas observou que, na prática, alguns parlamentares operam contra a sua administração. “Eu seria hipócrita se apregoasse que há unidade”, salientou o socialista.
Este será o primeiro encontro oficial do governador paraibano com o chefe da Nação após a sua investidura com o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Ricardo havia se posicionado ao lado de Dilma, contra o impeachment, que qualificou de golpe político e chegou a trazê-la, quando estava afastada do cargo, a João Pessoa, para uma audiência pública no Espaço Cultural em que se considerou vítima de uma articulação parlamentar para destituí-la. O governador, consumado o impeachment, chegou a dar declarações considerando “ilegítima” a ascensão do então vice-presidente Michel Temer à titularidade, apesar de o processo ter sido supervisionado pelo Supremo Tribunal Federal. Sentindo-se acuado, Ricardo sabotou visita de ministros à Paraíba e trocou desaforos acerca da retenção de verbas do FPE e de outros recursos destinados ao Estado e que estariam alocados no Orçamento Geral da União.
A respeito da propalada unidade da bancada paraibana em Brasília, o governador deu um exemplo de como isto é uma miragem, citando que fica triste quando constata que não há emendas alocadas em benefício do Estado no Orçamento Geral da União do exercício de 2017. “Para construir as coisas, é preciso demonstrar isso na prática, e não simplesmente achar que vai bater uma foto numa determinada reunião e que essa foto por si só vai servir para alguma coisa”, enfatizou ele, tanto na entrevista a Malvino como em outras entrevistas. Também estarão na pauta da primeira reunião do governador com o presidente soluções para a crise hídrica do Estado e repasse de recursos para viabiliazação de obras e projetos como o hospital de Oncologia de Patos, os equipamentos do hospital metropolitano de Santa Rita. “Eu quero olhar para o presidente da República e dizer que a Paraíba faz o dever de casa”, acentuou Coutinho.
Nas últimas semanas, a equipe econômica do governador expôs dados que demonstraram que o Estado tem enfrentado cortes orçamentários. A reunião com o presidente da República deveria ter acontecido no início do mês e, em meio ao bate-boca com adversários políticos paraibanos, o chefe do Executivo se disse vítima de retaliação mesquinha. O senador José Maranhão, do PMDB, respondeu não acreditar que houvesse qualquer tentativa do presidente da República em prejudicar a Paraíba. Lira, porém, foi mais pragmático e, percebendo o impasse, entrou no circuito para agilizar a audiência. Palavra do governador Ricardo Coutinho: “O senador Raimundo Lira tem sido correto na postura de representante do povo paraibano.
Por Nonato Guedes