O governador Ricardo Vieira Coutinho aniversaria hoje mantendo-se em evidência como um líder político respeitado na Paraíba e fora dela. Nascido em João Pessoa em 1960, foi o primeiro governador eleito com origens nos movimentos sindicais e nas lutas sociais. Entrou para a história, também, como o governante das redes sociais e mídias digitais. Já no primeiro mandato, instalado em 2011, ele se valeu do Twitter para anunciar nomes de secretários e auxiliares designados para compor sua administração. Filiado ao PSB, ele nasceu politicamente no Partido dos Trabalhadores e colecionou algumas proezas políticas que o fazem merecer o respeito dos adversários.
Coutinho já se compôs com líderes políticos paraibanos como Ronaldo e Cássio Cunha Lima, José Maranhão, Rômulo Gouveia, Aguinaldo Ribeiro, Luciano e Lucélio Cartaxo. Tentou emplacar duas mulheres à prefeitura da Capital – lançando Estelizabel Bezerra em 2012 e Aparecida Ramos em 2016. Estelizabel ainda teve uma performance surpreendente e hoje é deputada estadual. Mas nem ela nem Cida Ramos lograram conquistar a prefeitura. Em 2012, Ricardo rompeu com o antigo aliado Luciano Agra, que fora seu vice e secretário na prefeitura de João Pessoa. Nesse ano, Agra tentou disputar a reeleição pelo PSB mas perdeu em convenção a indicação para Estelizabel numa operação conduzida pelo próprio Ricardo. O eleito foi Luciano Cartaxo, tendo como vice o jornalista Nonato Bandeira. Ricardo ainda fez as pazes com Agra, que faleceu pouco tempo depois. E ultimamente reaproximou-se de Bandeira, que fora seu secretário de Comunicação.
O “estilo Ricardo de ser” gera controvérsias na classe política. Mas o governador já demonstrou que tem fôlego de sete gatos e é capaz de protagonizar reviravoltas políticas espetaculares. Esta semana, ele conseguiu ser recebido em audiência pelo presidente Michel Temer, em Brasília, depois de passar um tempo chamando o governo de Temer de ilegítimo e tendo se posicionado ao lado da ex-presidente Dilma Rousseff na questão do seu impeachment. Uma sugestão de Ricardo para destinação aos Estados de recursos oriundos da repatriação de ativos financeiros no exterior está sendo posta em prática por Temer, que convocou reunião de governadores para a próxima semana.
Vereador atuante, deputado estadual por mais de uma legislatura e prefeito de João Pessoa por duas vezes, derrotando raposas políticas e cabeças coroadas, Ricardo é tido como uma pessoa de diálogo difícil por parte de prefeitos e até mesmo deputados, mas no reverso da medalha protagonizou gestos de grandeza, como o de transformar o suplente de deputado Hervázio Bezerra em deputado efetivo até agora e, mais ainda, em líder do seu governo na Assembleia Legislativa, induzindo-o a se filiar ao PSB. Atraiu, também, para os quadros socialistas o deputado Gervásio Maia Filho, então do PMDB – hoje, Gervásio é tido como alternativa de Ricardo para concorrer ao governo em 2018. De concreto, Maia foi eleito antecipadamente presidente da Assembleia Legislativa, devendo ser investido a partir do início do próximo ano. No processo de eleição do presidente Adriano Galdino, que está encerrando sua passagem pela Mesa da Assembleia, Ricardo teve papel relevante com vistas ao resultado positivo, que derrotou o ex-presidente Ricardo Marcelo, ligado ao grupo Cunha Lima.
Divorciado da jornalista baiana Pâmela Bório, com quem tem um filho, Henri, o governador Ricardo Coutinho é filho de pai agricultor e mãe costureira. Não é herdeiro de qualquer oligarquia política tradicional no Estado, o que contribuiu para que sua militância política passasse a ser respeitada pelos adversários. Formado em Farmácia pela Universidade Federal da Paraíba, foi um dos fundadores do SindSaúde em João Pessoa. Os aliados mais próximos de Coutinho sonham com a possibilidade de vê-lo candidato a presidente da República, cumprindo um papel que parecia destinado a Eduardo Campos, ex-governador de Pernambuco, que faleceu em acidente aéreo em São Paulo. Coutinho não estimula nem desestimula os movimentos nesse sentido. Já chegou a ameaçar cumprir o mandato integralmente, sem se afastar para disputar cargos eletivos. Sua tática consiste em surpreender sempre, o que anula quaisquer projeções fundadas em meras especulações. Sua vice-governadora é a doutora Lígia Feliciano, mulher do deputado federal Damião Feliciano, do PDT, e influente em Campina Gande. Ela foi escolhida na undécima hora do prazo para registro da candidatura de Ricardo à reeleição. A chapa foi reeleita.
Por Nonato Guedes