O senador Cássio Cunha Lima (PSDB) não poupa elogios à atuação política do filho, o deputado federal Pedro Cunha Lima, mas tem dúvidas sobre uma virtual candidatura dele ao governo do Estado já em 2018, como foi aventado pelo jornalista Nonato Guedes em sua coluna neste site. Cássio pondera quanto à idade de Pedro – que tem 28 anos e, portanto, completará 30 no dia 15 de agosto de 2018. O pleito será realizado a três de outubro e a idade mínima permitida para concorrer ao governo do Estado é de 30 anos. Desse ponto de vista, Pedro estaria apto legalmente a concorrer, se esta fosse uma deliberação da convenção partidária. O assunto, pelo que ficou claro, não está em pauta nas cogitações políticas internas, no PSDB, mas também não é descartável. Em princípio, como observou Nonato Guedes, Cássio deverá ser candidato ao governo até como “revanche” por ter perdido para Ricardo Coutinho na reeleição deste em 2014. Mas Pedro pode ser a novidade no páreo. Cássio venceu duas eleições ao governo, em 2002 contra Roberto Paulino e 2006 contra José Maranhão. Foi afastado em 2009 pelo TSE acatando ação movida por adversários políticos, e considerou ter sido vítima do maior erro judiciário da história do país. Maranhão completou o mandato, tendo como vice Luciano Cartaxo, então do PT.
Cássio comentou à reportagem de “OsGuedes.com” que seu filho Pedro tem muito gosto pelo estudo, acaba de concluir um Mestrado em Direito na Universidade de Coimbra, em Portugal, “gosta de se qualificar, é muito rigoroso nos gastos de gabinete, tanto que é o que menos gasta na atual legislatura na Câmara, é focado na Educação e ainda faz versos. A idade poderia ser um problema’, especulou o senador. No ano em que Pedro nasceu, o pai, Cássio, estava estreando na política como deputado federal constituinte. Ele era o mais jovem parlamentar – tinha 23 anos de idade e no seu primeiro discurso confessou-se preocupado por ver que, às vésperas do século XX, o país discutia a ordem jurídica enquanto outros países destacavam-se pelos avanços na cibernética, na chamada guerra das estrelas. O discurso foi ouvido com atenção pelo plenário, e Cássio foi assediado por figuras condestáveis da República como Ulysses Guimarães, Fernando Henrique Cardoso e Mário Covas. O pai, Ronaldo Cunha Lima, poeta, ex-prefeito de Campina, ex-vereador, ex-governador do Estado, ex-deputado estadual, ex-deputado federal e ex-senador, apostou na vocação política de Cássio e lançou-o à Câmara Federal. Posteriormente Cássio foi prefeito reeleito de Campina Grande, governador e atualmente senador. Comentando sua estreia na tribuna da Câmara, o Jornal do Brasil noticiou que o discurso de Cássio “deve ter enchido de orgulho seus colegas da Universidade Regional do Nordeste, em Campina Grande”.
O jornal “Correio Braziliense”, por sua vez, destacou a estreia de Cássio com o título: “Parlamentar jovem cobra seu espaço”. Cássio falou de improviso e, segundo os jornais da época, conseguiu chamar a atenção ao se considerar órfão da democracia, convivendo com a repressão política que havia sido instaurada no país a partir de 1964 com a deposição, pelos militares, do governo de João Goulart. “É preciso a tomada de consciência por parte de todos os constituintes para a importância do momento histórico pelo qual passamos”, enfatizou Cássio no primeiro discurso, acrescentando que o povo havia lhe confiado, e aos demais, uma árdua missão. “Não podemos decepcionar a Nação nem compactuar com o grave quadro que estamos vivendo”, acrescentou. Pedro Cunha Lima está em seu segundo mandato parlamentar e procura conciliar a atuação política-legislativa com a dedicação ao Direito. Herdou do avô Ronaldo Cunha Lima a paixão pelos versos, pela poesia. É um jovem político que demonstra maturidade e é conhecido pela atitude ponderada, o que não o impede de externar indignação diante de situações de injustiça. A perspectiva de Pedro vir a disputar o governo do Estado é viável – seja em 2018, seja mais na frente, revelam fontes políticas ligadas ao “clã” Cunha Lima.