O ex-presidente da Câmara Municipal de João Pessoa Aristávora Santos (Tavinho), atual suplente do senador Raimundo Lira (PMDB), avalia que é imprevisível o desfecho da eleição para a Mesa daquele poder no biênio a ter início em 2017. Afirma que por trás das candidaturas a presidente de Durval Ferreira (PP) à reeleição e Marcos Vinícius (PSDB) estão empenhadas lideranças políticas com habilidade e conhecimento dos bastidores da Casa, ora ligadas ao esquema do prefeito Luciano Cartaxo (PSD), ora vinculadas ao esquema do governador Ricardo Coutinho, do PSB.
Tavinho conta que testemunhou inúmeras artimanhas e reviravoltas nos processos de escolha dos integrantes das Mesas em legislaturas passadas e lembra que o próprio Durval, que está completando uma década de permanência, já enfrentou revés numa das tentativas de ascender ao cargo maior. Para ele, há fatos novos importantes na disputa atual, como o compromisso dos integrantes da chapa de Marcos Vinícius em abolir a reeleição para a Mesa. “Este pode ser um fator decisivo, já que praticamente todos os vereadores têm pretensão de comandar a Casa”, salientou, prevendo que a chapa de Marcos Vinícius pode vir a ser beneficiada. “Mas não convém subestimar a habilidade de Durval, que atua essencialmente nos bastidores”, pontuou.
Aristávora Santos analisou que apesar da influência do poder econômico na eleição de representantes na Câmara, o legislativo pessoense tem passado por renovação no decorrer das suas legislaturas. Na eleição deste ano mesmo, de acordo com ele, ficou latente o sentimento de mudança por parte do eleitorado, o que implicou na derrota de quadros de valor que vinham atuando e na vitória, até, de ex-vereadores que souberam se comunicar melhor e atrair votos potenciais. Chamou a atenção para o fato de que, apesar de ter tido episódios pitorescos ou hilariantes, a Câmara Municipal da Capital tem cumprido um papel relevante nas decisões ligadas ao planejamento urbano e à preparação da infraestrutura para fazer face aos desafios da modernidade.
No entendimento do ex-vereador, a hipótese de grandes reviravoltas em eleições à Mesa, hoje, é mais improvável. Acha que com o interesse despertado junto à opinião pública e o acompanhamento das atividades da Casa através das redes sociais, a transparência passou a ser uma espécie de “moeda de valor” nas relações entre o parlamento mirim e a comunidade que ele representa. “Já há alguns anos tem se acentuado a cobrança por parte dos eleitores, junto aos seus representantes. E, naturalmente, os vereadores são influenciados por esse tipo de comportamento, sentindo-se na obrigação de sintonizar-se com a voz das ruas”, concluiu ele.
Nonato Guedes