O deputado federal Benjamin Maranhão (SD), coordenador da bancada parlamentar paraibana em Brasília, declarou-se preocupado com as manifestações de hostilidade contra políticos em virtude de votos e posições assumidas na Câmara. Ele sentiu na pele a atmosfera hostil ao ser chamado de “covarde”, “bandido”, “golpista” e “safado” por um grupo de manifestantes no aeroporto de Brasília, depois de ter votado a favor da emenda que trata do abuso de autoridade e causou controvérsia e debates acirrados ainda ontem, quando da presença do juiz Sérgio Moro no plenário do Congresso Nacional.
De acordo com Benjamin, o coro de hostilidades contra ele partiu de ativistas ligados ao Partido dos Trabalhadores, irresignados desde que foi decretado o impeachment da então presidente Dilma Rousseff. A manifestação provocou atraso de mais de uma hora no voo que o parlamentar iria tomar e que somente decolou depois de uma intervenção da Polícia Federal. “Lamentavelmente o Brasil está tomando o caminho do radicalismo e isso não é construtivo. Não há respeito à pluralidade de opiniões nem à livre manifestação de votos. Essa cultura não pode continuar predominando”, desabafou Benjamin, que é sobrinho do senador José Maranhão, do PMDB-PB.
Mesmo durante as discussões do processo de impeachment de Dilma Rousseff, o clima passou a ser acalorado, principalmente em Brasília. O senador paraibano Cássio Cunha Lima, do PSDB e o seu filho, o deputado federal Pedro Cunha Lima, também foram apupados por manifestantes em aeroportos aos gritos de “golpistas”. Cássio foi quem mais se expôs na discussão do processo de impeachment de Dilma, na tribuna do Senado Federal, com ampla cobertura da imprensa. Ele chegou a dizer que a então presidente não havia oferecido justificativas plausíveis para irregularidades cometidas na administração e que tentara desrespeitar preceitos legais.
Ontem, o deputado Pedro Cunha Lima reafirmou na tribuna da Câmara Federal a sua posição contra o que chamou de “emenda de intimidação”, que está sendo proposta para restringir a atuação investigatória de magistrados contra corruptos, imputando-lhe restrições severas. Pedro afirmou textualmente: “Eu tenho certeza de que o poo brasileiro gostaria de não precisar das Dez Medidas de Combate à Corrupção. Mais do que vibrar com um policial federal que coloca políticos desonestos na cadeia, gostaria de celebrar políticos honestos, que colocam seus filhos em boas escolas”. Os magistrados paraibanos decidiram se unir à mobilização nacional do Judiciário contra a decisão da Câmara de alterar o texto do projeto das Dez Medidas Contra a Corrupção.
Nonato Guedes