Embora evitando associar seu gesto ao processo de debandada que ganha corpo nas fileiras do Partido dos Trabalhadores em todo o país, diante do desgaste enfrentado pela legenda, o professor universitário Charliton Machado confirmou a sua saída da presidência estadual da agremiação, justificando outros compromissos prementes na agenda. Ele ressalta, porém, que continua no PT e está à disposição para colaborar, dentro do que for possível, para reerguer a legenda, que foi alcançada pelos escândalos do mensalão e do petrolão e pelo impeachment da ex-presidente da República Dilma Rousseff.
Charliton Machado licenciou-se do cargo, sendo substituído pela vice-presidente estadual Giucélia Figueiredo, durante a campanha eleitoral deste ano, quando concorreu à prefeitura de João Pessoa, ficando em terceiro lugar mas bem distante do prefeito reeleito Luciano Cartaxo (PSD) e da segunda colocada, a professora Cida Ramos, do PSB. No processo de discussões internas que o PT vem enfrentando em escala nacional, o deputado federal paraibano Luiz Couto sugeriu a substituição de direções partidárias em diferentes esferas, com análise dos erros cometidos e definição de estratégias de sobrevivência e competitividade eleitoral. Próceres petistas, de um modo geral, queixam-se de orquestração para “criminalizar” o partido por causa do envolvimento de integrantes de expressão em irregularidades.
O deputado estadual Anísio Maia, que defende a autocrítica sobre a situação vivida pela legenda, assegurou que não têm fundamento as insinuações de que pretenda deixar o PT e se filiar a outra agremiação. Textualmente, Anísio afiançou: “A minha única preocupação é mudar o PT e não me mudar do PT. Em nenhum momento cogitei ou fiz qualquer declaração nesse sentido”. Ele concorda com a tese de que novas estratégias devem ser colocadas em pauta com rapidez, inclusive, para fazer frente a medidas que estão sendo tomadas pelo governo de Michel Temer e que, de acordo com ele, são lesivos aos interesses nacionais.
Os expoentes do PT paraibano afirmam ter conhecimento das articulações empreendidas pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o soerguimento do partido, tarefa que passaria pela retomada do diálogo com os movimentos sociais e com organizações sindicais classistas. O deputado estadual Frei Anastácio Ribeiro, que promete resistir no partido, ressalta que foi um erro o distanciamento do PT das bases depois que a agremiação ascendeu ao poder, sobretudo, ao governo federal. Observa, porém, que todos os problemas ocorridos devem servir como lições para o aprimoramento dos métodos e a recuperação da credibilidade da legenda. “O PT tem espaços, sim, na conjuntura, especialmente no segmento de esquerda, e deve procurar mobilizar forças ativas da sociedade para a construção de alternativas ao desmonte de conquistas asseguradas ao longo dos últimos anos”, expressou o parlamentar.
Nonato Guedes