O ex-senador paraibano Vital do Rêgo Filho, atual ministro do Tribunal de Contas da União, que foi alvo, ontem, de mandados de busca e apreensão da Lava Jato pela Polícia Federal, como parte da Operação “Deflexão”, divulgou nota garantindo que jamais participou de qualquer esquema constante nas investigações. Ele e o ex-presidente da Câmara Federal, Marco Maia (PT-RS) foram investigados mediante liminar expedida pelo ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal. Segundo a PF, o inquérito apura se parlamentares solicitaram a empresários colaboração financeira em forma de propina para que não fossem convocados a prestar depoimento na CPMI da Petrobras em 2014, que Vital presidia.
No pedido de abertura de inquérito, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, disse que os fatos narrados pelo senador cassado Delcídio do Amaral (MS), em delação premiada, sinalizam crimes de concussão ou corrupção passiva. Em setembro, o sócio da OAS Léo Pinheiro admitiu ao juiz Sérgio Moro que pagou cerca de R$ 3,8 milhões para abafar as investigações da CPMI durante a presidência de Vital do Rêgo. Marco Maia era relator da CPMI. “Tenho respeito pelo trabalho da Polícia Federal mas jamais participei de qualquer esquema constante nas investigações”, revela textualmente Vital no comunicado expedido no final do dia. E mais:
– Com relação à diligência ocorrida na manhã de hoje (ontem), quero manifestar meu respeito e compreensão das autoridades competentes no exercício de suas funções legais. Tenho certeza de que a medida, cumprida com eficiência e urbanidade, vai confirmar que jamais tive envolvimento nos fatos em apuração. Renovo o compromisso de irrestrita colaboração com as autoridades, naquilo que for necessário, dentro do que determina o devido processo legal bem como as regras do Estado Democrático de Direito.
O ex-senador Vital do Rêgo Filho vinha sendo mencionado já há algum tempo em sites e portais noticiosos do Sul do país, mas nunca confirmou veracidade das acusações. A investigação foi aberta em maio com base na delação premiada do senador cassado Delcídio do Amaral, que cita o envolvimento de Rêgo e Maia na comissão. De acordo com Delcídio, eles teriam cobrado “pedágio” para beneficiar empreiteiros e não convocá-los para prestar depoimento. A nota da Polícia Federal sustentou que os executivos afirmaram ter repassado valores superiores a R$ 5 milhões a ambos (Vital e Marco Maia) com vistas a evitar retaliações e contribuir para campanhas eleitorais. Vital foi candidato a governador da Paraíba em 2014, pelo PMDB, substituindo o irmão, Veneziano Vital do Rêgo, que desistiu da campanha. O PMDB foi derrotado nas urnas pelo governador Ricardo Coutinho, que postulava a reeleição.
Por Nonato Guedes