Um expoente da bancada federal paraibana em Brasília revelou “em off”” à reportagem que é complicada a sobrevivência do presidente da República, Michel Temer, até o final do mandato, originalmente empalmado por Dilma Rousseff, que sofreu impeachment parlamentar. Na versão dessa fonte, que tem acesso privilegiado a Temer, o presidente enfrenta constantes ameaças veladas de impeachment ou de derrota política na votação de matérias de interesse do Executivo se não contemplar reivindicações de grupos que se formaram informalmente com a ascensão dele à cadeira principal do Palácio do Planalto. “É como se houvesse uma espada de Dâmocles apontada permanentemente para a cabeça do presidente”, diz o informante, mencionando comparação que circula em meios intelectuais de Brasília.
O surgimento de um clima de instabilidade institucional, de acordo com as informações, atrapalhou a estratégia do presidente Michel Temer de fazer avançar a aprovação de projetos de reformas que considera fundamentais para a governabilidade. Temer ficou particularmente desconfortável com o impasse gerado entre o Supremo Tribunal Federal e o Senado, em torno do afastamento ou não de Renan Calheiros da presidência da instituição e da linha de sucessão constitucional, tanto mais porque Renan decidiu desafiar o ministro Marco Aurélio e o próprio Supremo, negando-se, inclusive, a assinar a notificação de praxe e mantendo-se à frente do posto.
O integrante da bancada paraibana adverte que se não houver um entendimento mínimo nas próximas horas entre lideranças políticas e autoridades do governo e da magistratura, o presidente Michel Temer corre o risco de ficar literalmente emparedado e sem condições de levar à frente os atos de governo. “Isto acarretará, por via de consequência, a paralisia administrativa, fortalecendo movimentos põr convocação de eleições diretas imediatas enfraquecendo visivelmente a posição política do presidente”, acrescentou a fonte. Temer já enfrentou problemas na semana passada com os rumores de que promoveria uma emenda anistiando envolvidos em caixa dois em campanhas eleitorais, o que despertou reações furiosas de expoentes do Ministério Público. Há, de acordo com o informante, um ambiente de notório enfrentamento ou queda-de-braço entre o Congresso e o Ministério Público – e, nesse contexto, o governo fica fragilizado ao sabor das pressões. Na revista Época, edição desta semana, há a afirmação de um líder partidário, de nome não mencionado, que resume a atmosfera dominante na Capital Federal: “Se o presidente Michel Temer não conciliar as demandas de forma equilibrada, vai ter de arrumar as malas e voltar para casa”. Aguarda-se, com expectativa, o desdobramento dos próximos capítulos.
Por Nonato Guedes