O governador Ricardo Coutinho (PSB) prepara-se para tirar “férias-relâmpago”, que devem durar nove dias. Já esta semana, ele transfere o governo à vice-governadora Lígia Feliciano (PDT), que dividirá as responsabilidades com o presidente da Assembleia Legislativa, Adriano Galdino, do PSB, e com o presidente do Tribunal de Justiça, Marcos Cavalcanti. Antes de embarcar para São Paulo, onde ficará em uma fazenda do interior, o governador paraibano reunirá jornalistas na terça-feira, em uma entrevista coletiva na Granja Santana, para fazer um balanço do exercício administrativo de 2016.
A expectativa é de que o governador faça um balanço positivo das ações de governo que foram empreendidas este ano, a despeito das inúmeras dificuldades enfrentadas, sobretudo em termos financeiros. O chefe do Executivo fez viagens sucessivas a Brasília para conseguir apoio de parlamentares federais da Paraíba a pleitos encaminhados pelo governo. Tratou, com ministros da área econômica do governo federal, assuntos ligados à demora no repasse de recursos do Fundo de Participação dos Estados. Propôs às autoridades do Planalto que os recursos advindos da repatriação de ativos financeiros no exterior tivessem percentuais distribuídos com Estados e municípios, a fim de que pudessem reequilibrar suas contas.
O gestor paraibano foi recebido em audiência pelo presidente Michel Temer, intermediada pelo senador Raimundo Lira, do PMDB, que se sensibilizou com a grave situação financeira enfrentada. (Na campanha eleitoral, em 2014, Ricardo apoiou a chapa Dilma Rousseff-Michel Temer. Mas, quando do processo de impeachment da presidente Dilma, solidarizou-se com ela, trazendo-a a João Pessoa para uma audiência pública no Espaço Cultural e manifestando-se publicamente contra o afastamento de Dilma, que considerou um golpe, sustentando a versão de que o governo Temer era ilegítimo). Esteve, também, com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, juntamente com governadores de outros Estados, como parte do esforço conjunto para a viabilização de ações administrativas em plena conjuntura de dificuldades.
Apesar das inúmeras dificuldades enfrentadas, o governador Ricardo Coutinho manteve a situação financeira da Paraíba sob controle. Lançou mão de recursos próprios do Estado para investimentos em obras pontuais, abarcando setores estratégicos e investiu na intensificação de parcerias com a iniciativa privada para a geração de emprego e renda. Em nenhum momento, este ano, houve atraso no calendário de pagamento aos servidores públicos. Deputados da própria oposição reconhecem que o governador Ricardo Coutinho foi cioso das suas responsabilidades e agiu com austeridade diante do prenúncio da escassez de recursos. Mas em paralelo, ele tem insistido na necessidade de ações para a retomada do crescimento econômico, alegando que o País não suporta a quadra adversa que provoca um contingente alarmante de desempregados.
– Precisamos rever, de uma vez por todas, o conceito da Federação, implementar mudanças que a sociedade reivindica e, ao mesmo tempo, oferecer soluções para as demandas populares. Este é um dever de nós, que somos representantes do povo – salienta o gestor socialista, observando que as complicações, de certa forma, eram previsíveis ou esperadas, diante de sinais de desgaste no potencial de crescimento econômico e desenvolvimento social. “Precisamos reagir para que 2017 seja menos sufocante”, exclama o governador.
Por Nonato Guedes