Depois de ter afirmado que não tem condições de conceder reajuste salarial aos servidores públicos da Paraíba no próximo ano e descartar, também, a realização de concurso público, o governador Ricardo Coutinho (PSB) fez severas críticas ao governo do presidente Michel Temer, do PMDB. O gestor socialista comentou que as medidas adotadas pelo Planalto não irão surtir o efeito desejado para recompor a economia. De acordo com o raciocínio dele, exposto em entrevista coletiva, a tendência é um agravamento da crise política, com impacto na economia, que precisará reagir através de iniciativas do poder público.
Ricardo confessou que o Estado já ultrapassou o limite da Lei de Responsabilidade Fiscal, mas garantiu que não deixará de pagar a folha de pessoal, ainda que tenha que redobrar cortes e promover outras medidas de contenção. Ao lado da vice-governadora Lígia Feliciano (PDT) que está assumindo o Executivo interinamente em face de um curto período de férias do titular, Coutinho lamentou: “Um país que tem uma crise política, econômica e institucional, é um país que efetivamente não consegue gerar confiança e ambiência de mercado para que os investimentos voltem a ser feitos. Isto afeta diretamente a Paraíba”.
O governador pontuou que sua expectativa, infelizmente, para 2017, é de um ano de queda do Fundo de Participação dos Estados, que só não negativou nominalmente no ano passado por conta da repatriação de ativos financeiros no exterior e sua distribuição com Estados e municípios. Aliás, essa foi uma das fórmulas sugeridas por Ricardo quando participou de audiência com o presidente Michel Temer intermediada pelo senador paraibano Raimundo Lira, do PMDB. Em paralelo à escassez de recursos, Coutinho chamou a atenção para a ausência de investimentos que possam gerar emprego e renda. Salientou que a Paraíba apertou os cintos e fez o dever de casa em 2016 de uma forma que conseguiu recursos próprios para realizações em setores essenciais.
– Chegamos ao fim de dezembro com o maior leque de obras da história – destacou o governador. No que diz respeito a concursos públicos, disse que não há como efetuar novas contratações. “O Estado não comporta. Ao contrário, há uma pressão federal para que nada seja feito em termos de pessoal para reduzir o impacto. O meu compromisso é o de continuar fazendo tudo o que estiver ao nosso alcance para manter em dia o pagamento aos funcionários públicos – adiantou ele.
Por Nonato Guedes