Acirrou-se nas últimas horas a briga de bastidores tendo como pano de fundo cargos na Mesa da Câmara Municipal de João Pessoa para o próximo biênio. Ignorando apelos, feitos, inclusive, pelo prefeito Luciano Cartaxo, para que fosse mantida a unidade, o atual presidente da Casa, Durval Ferreira (PP), dá sinais de que continua no páreo e quer ampliar sua longevidade de uma década no comando. Adversários de Durval acusaram-no de tentar manobras para mudar o regimento interno, de forma a permitir registro de chapa até a undécima hora de realização do pleito, o que lhe daria espaço de manobra para acomodar interesses.
Prevenido com as tentativas de reviravolta, o vereador Marcos Vinícius, do PSDB, que prega renovação e se compromete com o fim da reeleição na Mesa Diretora, mandou um recado curto e grosso para Durval e seus aliados: “Desta vez não vai haver confinamento de eleitores”. Foi referência a uma prática usada em convenções partidárias, quando delegados ficaram confinados em hotéis, fora da Capital paraibana, para manterem fidelidade a compromissos assumidos e escaparem do assédio de candidatos concorrentes. O argumento do prefeito Luciano Cartaxo foi o de que tanto Marcos Vinícius como Durval são tidos como da base governista – e para o alcaide, a coesão é fundamental.
Interlocutores do prefeito garantem que sua “interferência” no processo não vai além das exortações ou apelos para o entendimento. O gestor respeita a autonomia do legislativo no processo e não exercerá pressão de qualquer natureza. A disputa para definir quem vai concorrer às eleições da Mesa Diretora praticamente paralisou os trabalhos dos vereadores. A falta de quórum constante e o atraso para votar projetos pendentes estão atrapalhando a tramitação do Projeto de Lei Orçamentária Anual, que só deve ser votado na próxima quinta-feira. Os poucos parlamentare que têm comparecido à Casa criticaram a ausência dos colegas e lamentaram a falta de compromisso para limpar a pauta até o período permitido para o recesso.
O relator do projeto da Lei Orçamentária Anual, Marmuthe Cavalcanti, do PSD, frisou que a demora na confecção do documento foi por causa das emendas encaminhadas pelos vereadores, que foram entregues após o prazo determinado. Para que o recesso aconteça é necessário que a LOA seja votada em plenário, mas o relator garantiu que a votação ocorre na próxima semana. A relatoria ainda não concluiu a análise das emendas mas fez um apelo para que os colegas compareçam às sessões. Entre projetos que devem ser apreciados na próxim semana as duas propostas encaminhadas pelo prefeito Luciano Cartaxo, que proíbe a nomeação de parentes de secretários e disciplina a contratação de prestadores de serviços. O gestor ressalta que as matérias vão ajudar a administração a estabelecer controle mais rigoroso sobre contratação de pessoal.
Nonato Guedes