Com os acordos costurados com habilidade nos bastidores e que lhe garantem a maioria de votos na eleição para a Mesa da Câmara Municipal de João Pessoa, bem como a perspectiva de desistência do atual presidente Durval Ferreira (PP) em concorrer a mais um mandato, o vereador Marcos Vinícius Nóbrega (PSDB) está praticamente ungido como futuro dirigente da Casa Napoleão Laureano. De acordo com os cálculos que vazaram para a imprensa, Marcos Vinícius teria assegurado 20 apoios num universo de 27 parlamentares. Durval Ferreira está há quase uma década no comando da Casa e analistas sugerem que só a possibilidade de traições pode reverter o cenário eleitoral e infligir derrota a Marcos Vinícius.
No auge da movimentação nas últimas horas, Marcos Vinícius, ainda diante da perspectiva da candidatura de Durval Ferreira, foi enfático: “Não aceito confinamento de vereadores”, referindo-se a supostas práticas antigas, reinantes até em convenções partidárias para escolha de candidatos a governador e dirigentes partidários. O prefeito Luciano Cartaxo, do PSD, lutou até agora para conseguir a unidade no processo de eleição da Mesa, sem, no entanto, promover interferência direta. Seu argumento sempre foi o de que o confronto opunha dois aliados seus. Apesar de veterano, Marcos Vinícius atraiu adesões com um discurso de renovação, além de compromisso com o fim da reeleição, a fim de permitir o rodízio entre vereadores no comando do colegiado.
Ele afirmou, a respeito do encaminhamento do processo: “Tivemos a oportunidade de conversar com todos os grupos, separando pelos partidos e deixando de lado os idealismos e as disputas. Sabemos que oposição é oposição e governo é governo”. Durval Ferreira expressou, por sua vez: “Eu acredito que Marcos Vinícius será o presidente. Eu não estava mais pensando em ser presidente, mas fui procurado por 12 vereadores para que fosse novamente candidato. Então, em respeito a esse agrupamento, permaneci candidato até agora. Tínhamos 14 apoios, mas três resolveram deixar o grupo e, depois, mais três. Sendo assim, não dá para concorrer com o apoio de apenas oito vereadores”. Durval deixou claro que não estava no páreo com o apadrinhamento de senadores, prefeitos ou líderes com mandato. Já Marcos Vinícius frisou que, eleito, pretende rever o regimento interno da Casa e até a Lei Orgânica do Município. “Infelizmente, a gente não sabe hoje o que está escrito neles. Enfim, vários outros projetos temos para realizar e, sem dúvidas, teremos o apoio da maioria dos vereadores”. Vinícius costurou chapa casada – além da sua eleição, consolidou pacto de apoio à candidatura do vereador João Corujinha (PSDC) à sua sucessão no outro biênio.
O empenho de vereadores e de outras lideranças políticas passou a ser o de evitar sequelas mais profundas em consequência da disputa ensaiada entre Durval Ferreira e Marcos Vinícius Nóbrega. O maior interessado na pacificação é o prefeito Luciano Cartaxo, reeleito, que sempre tratou os dois postulantes como aliados do seu esquema. Ontem, foram confirmados os apoios dos vereadores eleitos Dinho (PMN), Damásio Franca Neto (PHS) e Thiago Lucena (PMN) para as chapas encabeçadas por Marcos Vinícius e por João Corujinha.
Nonato Guedes