O senador Cássio Cunha Lima (PSDB) enfrentará sérios desafios políticos ao reassumir a titularidade do mandato na primeira semana de janeiro, embora o retorno aconteça em pleno recesso parlamentar. O parlamentar, que requereu licença para tratamento de saúde e de outros assuntos particulares, está sendo sucedido pelo primeiro suplente José Gonzaga Sobrinho, Deca do Atacadão, um empresário sertanejo, filiado ao mesmo partido e que buscou se projetar no período pela atuação junto a ministérios e outros órgãos da administração pública, encaminhando reivindicações de interesse de municípios do interior.
Cunha Lima deverá reassumir, igualmente, a liderança do PSDB no Senado, em meio a uma conjuntura crucial para o governo do presidente Michel Temer (PMDB) que precisará de apoio dos partidos da base aliada no Congresso para a aprovação de projetos considerados essenciais e envolvendo temas polêmicos como a reforma da Previdência e a reforma do ensino médio. No breve pronunciamento que fez, como mensagem de Natal ao povo brasileiro, em rede nacional de televisão, Temer aludiu ao equacionamento desses problemas como fundamental para que sejam atingidas metas traçadas como a retomada do desenvolvimento econômico e a geração de empregos.
Cássio, que na terça-feira tomará o café da manhã com jornalistas em João Pessoa, no hotel Ouro Branco, para fazer uma avaliação da retomada do mandato e da própria conjuntura, demonstra consciência em relação aos desafios que terá pela frente. Ele sabe que os temas polêmicos demandarão intensos debates na própria base aliada, que teme aprovar ou apoiar medidas consideradas impopulares. Pessoalmente, o presidente Temer já avisou que não teme a adoção de medidas amargas, acentuando que confia em que a opinião pública acabará compreendendo a necessidade de sacrifícios para que ocorram avanços, depois do “tempo perdido” na Era petista, conforme ele define.
Um outro ponto controverso que prenderá a atenção do parlamentar tucano diz respeito à questão da cassação do mandato do presidente Michel Temer no âmbito do Tribunal Superior Eleitoral. O PSDB será chamado a opinar sobre a tese da impugnação da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer, que será agitada por um ministro paraibano, Herman Benjamin, natural de Catolé do Rocha. O ministro antecipou em declarações à imprensa que são fortes os indícios coligidos no processo que aventa a hipótese de cassação da chapa e não apenas, como ocorreu, de impeachment de Dilma Rousseff. O cenário, na verdade, é tido como nebuloso por analistas políticos e parlamentares de diferentes legendas, diante da incerteza acerca do desfecho que possa advir.
Por último, o senador Cássio Cunha Lima terá que estar atento a definições envolvendo seu próprio futuro político, diante da possibilidade de ter que concorrer novamente ao governo do Estado em 2018, possibilitando à oposição a chegada ao poder no confronto com o governador Ricardo Coutinho, do PSB, que está cumprindo seu segundo mandato. Cunha Lima terá que optar entre concorrer ao governo ou dilsputar a reeleição em 2018. Ele aproveitou esse período de licença para reflexão sobre os assuntos e para consultas. Deverá aprofundar entendimentos no primeiro dia do ano, ao prestigiar solenidades de posse de prefeitos e prefeitas do seu esquema eleito(a)s ou reeleito(a)s este ano. Tudo isso pressupõe um vasto contencioso para Cássio, cujo posicionamento é aguardado com expectativa nos diferentes círculos do Estado.
Nonato Guedes