Numa entrevista exclusiva para este site, concedida por telefone ao jornalista Lenilson Guedes, o deputado federal Veneziano Vital do Rêgo lamentou que esteja sendo excluído dentro do PMDB e que o partido tenha perdido o rumo no Estado. A afirmação foi feita por ele ao comentar o evento de confraternização no restaurante Gulliver, na orla marítima de João Pessoa, ao qual compareceram os senadores José Maranhão e Cássio Cunha Lima (PSDB), além do deputado federal Rômulo Gouveia, do PSD, e do prefeito reeleito de João Pessoa, Luciano Cartaxo, também do PSD.
Veneziano deu a entender que não foi convidado nem avisado do convescote entre lideranças políticas que aproveitaram para renovar votos de continuidade, em 2018, da aliança firmada na Capital nas eleições deste ano, em que PSD, PSDB e PMDB formaram no palanque de Luciano Cartaxo, tendo o PMDB, inclusive, indicado o candidato a vice na chapa da reeleição, ou seja, o deputado federal Manoel Júnior. “Terei sido excluído por represália, em face de ter feito alguns encaminhamentos que desagradaram a cúpula do PMDB?’, indagou o ex-prefeito de Campina Grande. A confraternização, a seu ver, significou o retrato da decadência do PMDB na Paraíba.
O parlamentar acusa a cúpula peemedebista de não auscultar “humildes líderes” da agremiação – e se coloca, ele próprio, no papel de humilde agente político, não obstante tenha vencido duas eleições a prefeito de Campina Grande e ao mesmo tempo alcançado uma votação significativa para a Câmara Federal. Para Veneziano, o cenário é deprimente para o PMDB, embora o partido tenha tido um percentual de vitórias no Estado e em outros Estados nas eleições municipais. Em Campina Grande, onde ele perdeu para Romero Rodrigues na tentativa de voltar à prefeitura, o partido não ofereceu apoio logístico mais expressivo para a sua campanha. “Tudo isto é muito triste”, acentua Veneziano Vital do Rêgo.
Veneziano não quis avançar prognósticos sobre perspectivas futuras, apenas insistindo em que haja a autocrítica urgente e que seja levada a termo uma estratégia que valorize os que, a partir das bases, operam para o fortalecimento da legenda. Nos meios políticos, diante da insatisfação vocalizada por Veneziano, especula-se que ele pode vir a se aliar ao governador Ricardo Coutinho, principalmente porque Cássio, agora rompido com Ricardo, está alinhado com Maranhão, Manoel Júnior e políticos que gravitam na órbita de poder municipal e federal. Veneziano passou ao largo de comentários ou apreciações acerca da possível composição com o governador Ricardo Coutinho.
Fontes ligadas a Veneziano assumem que ele passa por um processo de “fritura” interna. Um grande exemplo desse processo de ostracismo com que desejam atingi-lo foi a preterição de sua candidatura ao governo em 2010. Em 2014, quando esperava chegar sua vez, Veneziano sentiu um clima de “cristianização” da sua eventual pretensão e abriu vaga novamente, saltando para deputado federal. No seu lugar, concorreu o irmão, Vital do Rêgo Filho, atualmente ministro do Tribunal de Contas da União. Fala-se no próprio PMDB que o grupo liderado por Veneziano pode fazer um estrago no partido nas eleições futuras. De concreto, o deputado e ex-prefeito está se sentindo rejeitado numa sigla que ajudou a estruturar.
Nonato Guedes