O deputado federal Benjamin Maranhão, do SD-PB, afirma que não só o partido que preside mas outras agremiações esbarram em dificuldades para punir “infiéis” que desobedecem a orientações de cúpula. De acordo com ele, a interpretação jurídica de que o mandato pertence ao partido e não aos parlamentares favoreceu as agremiações apenas teoricamente, uma vez que, na prática, um processo de expulsão ou desfiliação de políticos desobedientes é complicado e desgastante.
O dirigente do Solidariedade constata, em tom de lamento, que a conjuntura e os interesses pontuais ou localizados ainda movem as decisões e os posicionamentos políticos. “As punições estão previstas nos regimentos partidários, todavia os partidos não têm poder coercitivo suficiente para mudar a realidade”, esclareceu o parlamentar. Mais flexível, o deputado federal Rômulo Gouveia, presidente do PSD, recorre ao princípio do livre arbítrio para explicar que tem compreensão para com os que adotam posturas diferenciadas no âmbito partidário. “No PSD as pessoas sempre tiveram autonomia”, enfatiza Rômulo Gouveia, que deixou o PSDB para se tornar filiado do PSD e seu presidente estadual.
O PSD de Rômulo atraiu para suas fileiras o hoje prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo, que tinha uma atuação conhecida no Partido dos Trabalhadores e se desligou ao pressentir o envolvimento de petistas em escândalos, com o preço do desgaste da agremiação. Nas últimas eleições municipais, com a recondução de Luciano Cartaxo à prefeitura de João Pessoa, o PSD se sentiu fortalecido a ponto de cogitar a hipótese de lançar candidaturas próprias em disputas majoritárias. A discussão a respeito de fidelidade partidária reacendeu em virtude dos acenos de alguns vereadores de partidos adversários de Cartaxo na direção do próprio gestor. O PT do B, que conta com os vereadores Chico do Sindicato e Humberto Pontes, emitiu orientação no sentido de que eles se mantenham na oposição, conforme revela o deputado estadual Genival Matias, presidente do PT do B. Os dois vereadores na Capital ignoram os alertas e reafirmam a disposição de apoiar a administração de Luciano Cartaxo.
Nonato Guedes