Nos meios políticos de João Pessoa, são intensas as especulações sobre provável alinhamento do deputado federal Veneziano Vital do Rêgo (PMDB) com o esquema político do governador Ricardo Coutinho (PSB). A nomeação de Ana Cláudia Vital do Rêgo, esposa de Veneziano, para secretária-chefe da Casa Civil, reforçou os comentários a respeito. Formalmente, o governador explica ter convocado Ana Cláudia por considerá-la competente e com condições de oferecer uma valiosa colaboração na organização interna da administração estadual.
Para além disso, há o fato de que Veneziano Vital, em entrevistas que concedeu ultimamente a jornalistas, demonstrou insatisfação com o PMDB, prognosticou que o partido tende a definhar no Estado se não houver uma reação da cúpula para o diálogo com os integrantes da legenda e chegou a dar uma espécie de “ultimatum” ao governador para que defina com antecedência a sua preferência por candidaturas à sucessão ao governo em 2018. Embora não se coloque como postulante ao Palácio da Redenção, Veneziano vem acumulando decepções desde 2010, quando foi atropelado pela candidatura do próprio senador José Maranhão. Em 2014, foi-lhe dada a chance de concorrer, mas ele acabou desistindo e partindo para a deputação federal, deixando o caminho aberto para o irmão, Vital do Rêgo, que não passou do primeiro turno.
Veneziano, de acordo com fontes bem informadas, não digere de forma alguma a aproximação do senador Maranhão e de outros expoentes da cúpula com o senador Cássio Cunha Lima (PSDB), que é seu adversário em Campina Grande. O deputado peemedebista teve legenda para disputar novamente a prefeitura de Campina em 2016, mas perdeu o embate para Romero Rodrigues (PSDB) já no primeiro turno, e atribuiu o resultado a uma série de fatores, inclusive, à concorrência de Adriano Galdino pelo PSB, que abocanhou quase dez mil votos na disputa. “A impressão que Veneziano passa é de que está em marcha batida para deixar o PMDB”, frisou à reportagem uma alta fonte ligada ao parlamentar.
O PMDB paraibano, atualmente, está dividido entre aliados do senador José Maranhão e simpatizantes do senador Raimundo Lira. Este tem linha direta com o governador Ricardo Coutinho, tendo sido intermediário da primeira audiência oficial do presidente Michel Temer com ele para a discussão de problemas financeiros graves que afetam a Paraíba. Lira desmente que seja líder de um grupo dissidente no PMDB e salientou que todo o seu empenho é voltado para preservar a unidade do partido, não cogitando a hipótese de se desfiliar da agremiação.
Nonato Guedes