O ex-senador Cícero Lucena confessou a amigos e jornalistas, ao prestigiar um evento esta semana em João Pessoa, que saiu de cena da atividade política. Prefeito de João Pessoa por duas vezes, secretário de Políticas Regionais do governo Fernando Henrique, com status de ministro, governador da Paraíba por dez meses, ele explicou que considera encerrada a sua vida pública e assegura que não cogita mais disputar mandatos eletivos. “Combati o bom combate e creio ter concluído a minha missão. Portanto, cabe-me abrir espaço para os outros”, pontuou Lucena, segundo relato do colunista Abelardo Jurema, do Correio da Paraíba.
Cícero abandona a política colecionando uma derrota. Em 2012, ele tentou voltar à prefeitura de João Pessoa e logrou, mesmo, ir para o segundo turno, dando combate a Luciano Cartaxo, que concorria pelo PT. Luciano, no entanto, viabilizou um arco de forças que foi decisivo para a sua vitória à reeleição. Cícero atuava na construção civil, onde tinha papel de liderança e operava politicamente apenas nos bastidores. De forma surpreendente, foi anunciado como o vice de Ronaldo Cunha Lima na chapa ao governo do Estado em 1990, na qual Ronaldo derrotou Wilson Braga em segundo turno contando com o apoio de João Agripino Neto. A atuação de Lucena foi dinâmica, inclusive, em momentos cruciais – quando assumiu o Executivo com o afastamento de Ronaldo, abalado emocionalmente após ter disparado contra o ex-governador Tarcísio Burity no restaurante Gulliver.
Mais tarde, o próprio Cícero enfrentou complicações, ao ser abordado em sua residência pela Polícia Federal sob acusação de envolvimento na Operação Confraria, envolvendo supostas irregularidades nas gestões que empalmou à frente da prefeitura da Capital. Na época, Lucena era secretário de Planejamento do governo Cássio Cunha Lima e foi aconselhado a pedir exoneração do cargo. Filiado originalmente ao PMDB, ele acompanhou os Cunha Lima na migração destes para o PSDB após encarniçado confronto com José Maranhão pelo domínio da legenda peemedebista. Elegeu-se senador derrotando Ney Suassuna, que era considerado uma espécie de “trator” político. A mulher de Cícero, Lauremília, foi vice-governadora do Estado no primeiro governo de Cássio Cunha Lima em 2002. No Senado, Lucena exerceu a primeira secretaria e firmou um largo círculo de amizades. Natural de São José de Piranhas, ele foi importante, junto com Ronaldo Cunha Lima, no esforço para a reabertura do Paraiban, cuja liquidação extrajudicial havia sido decretada pelo Banco Central na gestão de Fernando Collor no Planalto e de Tarcísio Burity no governo do Estado.
Nonato Guedes