Ao contrário do que se verifica na Câmara Federal, onde há variedade de postulantes à Mesa e a disputa já envereda pela seara jurídica, no Senado a eleição para o comando está praticamente equacionada, garantindo-se a presidência ao senador Eunício Oliveira (PMDB-CE). Um dos cargos de destaque deverá ser ocupado pelo senador paraibano Cássio Cunha Lima, do PSDB – a primeira vice-presidência. Eunício opera nos bastidores para dar sustentação a um grande acordo entre legendas e espera beneficiar-se, igualmente, da supremacia do PMDB naquela Casa.
Ele deverá substituir no posto ao senador Renan Calheiros, do PMDB-AL, que sai com a imagem desgastada por causa de atos que praticou e que foram objeto de censura na mídia, além das denúncias de suposto envolvimento do parlamentar com irregularidades que teriam ligações com a Operação Lava Jata.
O senador Cássio Cunha Lima conquistou a perspectiva de assumir a primeira vice-presidência pelo destaque alcançado na legislatura, inclusive, pela atuação firme na questão do impeachment da então presidente Dilma Rousseff, do PT. Além disso, Cunha Lima projetou-se pelo exercício da liderança do PSDB no Senado, merecendo elogios e a confiança do senador Aécio Neves (MG).
O que tem chamado a atenção nos meios políticos de Brasília, segundo parlamentares paraibanos, é o comportamento do Partido dos Trabalhadores, definido em algumas áreas como oportunista. O PT se tornou oposição ao governo do presidente Michel Temer, mas está empenhado em garantir espaço na Mesa Diretora do Senado. O plano acertado até o início do recesso parlamentar é que, em contrapartida ao apoio a Eunício, alguém do PT assuma a primeira-secretaria do Senado, e que um representante do PSDB seja escolhido para a primeira vice-presidência da Casa – nessa hipótese, o favorecido seria o paraibano Cássio Cunha Lima.
Apesar do acordo com o líder do PT, Humberto Costa, as versões indicam que o senador peemedebista Eunício Oliveira encontra dificuldade em ter os votos totais do partido. Dois senadores petistas se recusariam a apoiá-lo: Lindbergh Farias (PT-RJ) e Gleisi Hoffmann, do Paraná. Ambos discordam do acordo em torno do nome de Eunício, a quem classificam de golpista por ter sido o relator da PDEC dos gastos públicos que interessssava diretamente ao governo de Michel Temer. Gleisi frisou que a questão de cargos não pode servir como argumento. A escolha do nome do senador cearense dentro do PMDB também passou por longa negociação para acomodar outros peemedebistas de porte que estavam de olho na mesma cadeira. Atualmente no posto, deverá caber a Renan Calheiros a liderança do PMDB no Senado ou a chefia da principal comissão, que é a de Constituição e Justiça.
Por Nonato Guedes