A Operação Andaime, com uma força-tarefa reunindo Ministério Público Federal, Polícia Federal, CGU e Ministério Público da Paraíba, concentrou-se, ontem, em Cajazeiras, no Alto Sertão, investigando corrupção nas gestões que se estendem de 2008 a 2016. Nesse período, foram prefeitos da cidade Carlos Antonio Araújo de Oliveira, Leo Abreu, Carlos Rafael Medeiros de Sousa e Denise Albuquerque de Oliveira. Esta é esposa de Carlos Antonio e tentou a reeleição pelo PSB no ano passado, sendo derrotada pelo ex-deputado José Aldemir Meireles, do PP. Denise foi anunciada como secretária executiva na área social no governo de Ricardo Coutinho.
A Polícia Federal efetuou quatro prisões preventivas e uma temporária, doze conduções coercitivas e executou 22 mandatos de busca e apreensão, além do sequestro de bens móveis e imóveis. De acordo com informações que vazaram para a imprensa da Capital, a força-tarefa descobriu que muitas das práticas conhecidas através da Operação Lava-Jato, realizadas em grande escala na Petrobras, na Eletrobras e no governo do Rio de Janeiro foram repetidas em outras proporções no âmbito municipal. As investigações tiveram início em 2015 e constataram fraude em licitações, desvio de recursos públicos, lavagem de dinheiro por empresas fantasmas e até mesmo venda de notas fiscais frias, conforme revela a colunista Lena Guimarães, do Correio da Paraíba.
As condutas foram constatadas em obras que envolvem um montante de R$ 27 milhões, especialmente com recursos oriundos dos Ministérios das Cidades e do Turismo. O Ministério Público Federal solicitou à Justiça o levantamento do sigilo da operação, mas não foi atendido. Com isto, aparentemente, os presos e demais envolvidos sentem-se protegidos mas a ação da força-tarefa está sendo encarada como uma advertência para os novos gestores, a fim de que observem os limites da lei e o seu estrito cumprimento. As ações que foram desencadeadas ontem espalharam-se por Estados vizinhos como o Ceará e o Rio Grande do Norte. Anteriormente, ocorrera uma investida na cidade de Patos, provocada pelo beneficiamento de empresas em licitações. Depoimentos colhidos pelas autoridades traduziram confissões de culpa de empresários sobre os esquemas.