Eleito, ontem, líder da bancada do Democratas (DEM) na Câmara Federal, o deputado paraibano Efraim Filho inspira-se nos exemplos do pai, o ex-senador Efraim Morais, para construir sua própria projeção no cenário político nacional. “Faito”, como é chamado pelos mais próximos, está no terceiro mandato e foi um dos expoentes da estruturação da Juventude Democratas para estimular a participação de valores emergentes no processo decisório. Aparentemente, Efraim pai pendurou as chuteiras da disputa de mandatos, mas não se afastou do jogo político. Ele é o presidente do diretório regional do DEM, conduz as deliberações sobre alianças do partido em eleições e cuida de fortalecer a estrutura partidária. Há quem diga que pode vir a compor uma chapa majoritária em 2018, possivelmente disputando mandato de vice-governador. Mas ele, por habilidade e prudência, não se manifesta a respeito, lembrando que o político em evidência na família é Efraim Filho.
Efraim Morais, cujo pólo de irradiação política é o Vale do Sabugy, mais precisamente a cidade de Santa Luzia, foi deputado estadual, integrou cargos na Mesa da Assembleia Legislativa, depois alçou à Câmara Federal, onde deteve visibilidade na primeira vice-presidência e, depois, na presidência, e chegou ao Senado, onde foi primeiro-secretário. Seu pai, Inácio Bento, contentou-se em ser deputado estadual. Efraim Morais presidiu a CPI dos Bingos, que trouxe para o noticiário a figura do bicheiro Waldomiro Diniz e suas conexões com o PT. Na época, o próprio ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva debochava da Comissão, chamando-a de “CPI do fim do mundo”. Coube a Efraim, entretanto, como presidente eventual da Câmara dos Deputados, em 2003, dar posse a Lula na presidência da República, “protagonizando um dos momentos mais expressivos da história política recente do país”, como afirmou na época. Efraim, na verdade, ascendeu à titularidade na Mesa da Câmara com a renúncia de Aécio Neves, para tomar posse no governo de Minas Gerais, eleito que fora pelo PSDB. Na sequência, Efraim assumiu mandato de senador pela Paraíba e foi indicado Líder da Minoria pelos dois partidos que então assumiram a oposição no Senado: PFL (o partido a que ele era filiado) e PSDB. Meses depois, na sucessão de decepções com o governo federal, o PDT passaria também a se alinhar nas fileiras da oposição.
Efraim Filho marcou posição em outro fato histórico relevante no cenário político brasileiro – a votação do impeachment da então presidente afastada Dilma Rousseff. O jovem deputado paraibano disse “SIM” ao impeachment por considerar que havia sérias denúncias envolvendo Dilma e o governo petista em irregularidades administrativas. O Tribunal de Contas da União chegou a detectar a ocorrência de “pedaladas fiscais” na gestão de Dilma, o que teria se verificado, também, no governo de Fernando Henrique, do PSDB. O problema, em relação a Dilma, é que outras acusações se amontoaram, fomando uma caudal que levou ao impeachment, respaldado pelo voto popular. “Uma maioria esmagadora da população apoiou o impeachment”, relembra Efraim Filho, pontuando que nesse episódio manteve-se sintonizado com “a voz rouca das ruas”, uma expressão comumemente utilizada pelos expoentes políticos de diferentes partidos. O DEM adota postura ambígua em relação ao governo de Michel Temer, que sucedeu a Dilma – ora colaborando na aprovação de matérias a pretexto de assegurar a governabilidade, ora questionando aspectos pontuais de proposições palacianas. Em comum com o PSDB, a dura crítica ao Partido dos Trabalhadores que, na opinião de “Efraito”, liderou um projeto de “saque do erário público”, refletido em escândalos como o mensalão e o petrolão.
O novo líder do DEM na Câmara, que substitui a Pauderney Avelino, do Maranhão, foi destacado recentemente por publicações do sul do país como um dos parlamentares influentes no Congresso, integrante do clube de “cabeças”, como são chamados senadores e deputados que operam na tomada de decisões ou no seu encaminhamento. Efraim Filho ampliou sua penetração política pelo segmento de João Pessoa e mistura reivindicações específicas voltadas para a juventude com reivindicações de âmbito geral, a exemplo do projeto de transposição das águas do rio São Francisco. Um exemplo do “jogo de cintura” que herdou na convivência com o pai, a quem admira, foi a recente presença de Efraim Filho em cerimônia presidida por um ministro de Estado – no caso o ministro da Educação, Mendonça Filho, que esteve em Santa Luzia para levar investimentos na área. Sobre a credibilidade da classe política, “Faito” acha que é dever de todos os parlamentares, líderes e agentes o compromisso de resgate desse princípio, “até como estratégia de sobrevivência das agremiações no conceito da opinião pública”. Ele se diz envaidecido com a escolha para líder do DEM e promete que esforço não faltará para corresponder à expectativa.
Nonato Guedes