Embora advertindo que não há qualquer discussão sobre o processo eleitoral de 2018 e que a prioridade está focada nas ações administrativas no trabalho de organização dos partidos, o deputado federal Rômulo Gouvea, presidente do PSD no Estado, admite que o nome do prefeito reeleito de João Pessoa, Luciano Cartaxo, ganha força dentro da agremiação para concorrer ao governo. Rômulo frisou que a discussão propriamente dita sobre viabilidade de candidaturas vai se dar mais na frente, “no momento oportuno, coerente com a deflagração do processo político em geral”, mas salientou ser impossível negar que haja uma tendência favorável ao lançamento de Cartaxo.
Luciano, que foi eleito pela primeira vez em 2012 concorrendo pelo Partido dos Trabalhadores, postulou a reeleição em 2016 concorrendo pelo PSD, onde ingressou atendendo a um convite do deputado Rômulo Gouveia, egresso do PSDB, e por se sentir incomodado com as denúncias sobre escândalos envolvendo líderes petistas de expressão nacional. Apesar de não ter tido seu nome relacionado aos escândalos que pairam sobre líderes petistas, Luciano Cartaxo avaliou que o tema seria objeto de exploração de adversários para tentar prejudicá-lo politicamente, daí ter tomado a iniciativa de migrar para a legenda que Rômulo articulou. A vitória em primeiro turno, concorrendo, sobretudo, contra a candidata do PSB, Cida Ramos, reforçou as especulações em torno da candidatura de Cartaxo ao governo, mas ele sempre tentou passar ao largo, assumindo que não iria fugir a compromissos assumidos com a população pessoense.
O prefeito, que ainda hoje cumpriu programa administrativo no campo da entrega de obras, tem informações de que sua gestão mantém bom índice de avaliação junto a segmentos expressivos do eleitorado de João Pessoa. Em paralelo, foi inteirado de pesquisas informais sobre intenções de voto em que seu nome situa-se em posição altamente receptiva. Tudo isto estaria contribuindo para que ele concorde em abrir espaço para o debate de sua candidatura como alternativa. No entanto, de acordo com assessores, Cartaxo tem o cuidado de evitar que a hipótese da sua candidatura provoque fissuras no esquema de forças que se uniu para reelegê-lo em 2016. Naquela oportunidade, foi apoiado pelo PSDB do senador Cássio Cunha Lima e pelo PMDB do senador José Maranhão, que indicou o então deputado federal Manoel Júnior como opção para vice. Júnior foi aceito na chapa e Cartaxo sacrificou a permanência do jornalista Nonato Bandeira, do PPS, que com ele foi eleito em 2012, mas que abrira novamente canais de negociação com o governador Ricardo Coutinho, de quem Luciano está afastado.
As declarações do deputado Rômulo Gouveia admitindo o lançamento de Luciano foram bem recebidas entre os expoentes da campanha da reeleição do prefeito da Capital, sobretudo, conforme uma fonte, porque não tiveram caráter impositivo e apenas refletiram a projeção de uma possibilidade, coerente com o cenário político atual. Mas há dúvidas sobre a manutenção da aliança de 2016 para 2018, já que pretensões concorrentes estariam sendo alimentadas desde agora, quer da parte do senador Cássio Cunha Lima, quer da parte do senador José Maranhão. Dentro do agrupamento estreitamente ligado a Cartaxo, voltou a se falar numa chapa tendo ele como candidato a governador e o prefeito reeleito de Campina Grande, Romero Rodrigues, do PSDB, como candidato a vice. Isto poderia alargar composições com os outros partidos, mas a situação pessoal do senador Cássio Cunha Lima precisará ser melhor definida no tabuleiro se prevalecer a alternativa da chapa agora ensaiada.
Nonato Guedes