O indicativo partiu do próprio governador Ricardo Coutinho (PSB): ele admitiu que o nome do secretário de Infraestrutura João Azevedo pode figurar nas composições de chapas para eleições majoritárias de 2018, sem especificar qual o posto. Técnico por excelência, Azevedo chegou a ensaiar uma candidatura a prefeito de João Pessoa em 2016, estimulado por acenos do Palácio da Redenção. Desistiu porque, segundo versões, não teria decolado em sondagens preliminares extra-oficiais encomendadas pelo governador. Ele acabou sendo substituído por Cida Ramos, que também perdeu a disputa para Luciano Cartaxo, reeleito em primeiro turno à prefeitura.
Além de Azevedo, o governador, de acordo com fontes próximas, estaria trabalhando com a perspectiva de outros nomes, como o do deputado Gervásio Maia, recém-empossado presidente da Assembleia Legislativa. Do ponto de vista de ambições pessoais, Coutinho continua enfatizando que não está acertada uma eventual candidatura sua ao Senado. E condiciona tal definição a uma delberação do que voltou a chamar de “Coletivo”, espécie de agrupamento de lideranças políticas que são fiéis à sua orientação. O secretário de Comunicação, Luís Torres, pôs mais lenha na fogueira ao dizer que a intenção do governador é a de permanecer no mandato até o fim. É uma hipótese controversa, diante de argumentos de outros aliados do governador de que ele precisará de um mandato, até para se defender com mais autoridade de eventuais denúncias que venham a ser formuladas contra suas duas gestões.
O ex-governador Tarcísio Burity, às vésperas de concluir o primeiro mandato, indireto, saiu candidato a deputado federal e foi eleito com votação expressiva. Alegou, na ocasião, que precisaria de uma tribuna para se defender de ataques que fossem disparados contra ele – o que aconteceu, da parte do então governador Wilson Braga, eleito em 1982 com 151 mil votos de diferença sobre Antônio Mariz. Informantes antenados com o Palácio da Redenção confessam que está em curso uma estratégia do governador socialista, que joga para todos os lados, fazendo uma espécie de “bateia”, semelhante ao que fazem os garimpeiros, a fim de extrair pedras preciosas para compor seu tabuleiro em 2018. Ele estaria sendo reforçado nas articulações pelo jornalista Nonato Bandeira, ex-vice-prefeito de João Pessoa, que assmiu a chefia de gabinete do governador e que é presidente estadual do PPS. Aparentemente, o governador não tem pressa e invoca o pretexto da prioridade administrativa como meta. Nos bastidores, a realidade é outra, dentro do raciocínio de que não pode ser subestmado o poderio de adversários que se apresentarem como tais.
Nonato Guedes