Os dois estiveram em lados opostos em 1992, politicamente continuam divergindo, mas têm assento na mesma Casa do Congresso Nacional – o Senado, e ontem ganharam um presente: o arquivamento de inquéritos movidos contra ele na esfera do Supremo Tribunal Federal. O senador Lindbergh Farias, do PT do Rio de Janeiro, e o senador Fernando Collor de Melo, do PTC-Alagoas, ficaram livres de investigações sobre supostos crimes cometidos, conforme decisão do ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava-Jato naquela Corte.
Em 92, Collor enfrentou um processo de impeachment no exercício da presidência da República, acusado de beneficiar-se ilicitamente de transações comandadas pelo seu ex-tesoureiro de campanha Paulo César Cavalcanti Farias. Collor teve os direitos políticos cassados por oito anos e atualmente é senador por Alagoas. Lindbergh Farias, em 92, era presidente da União Nacional dos Estudantes e liderou o movimento dos chamados “caras-pintados” em prol do afastamento de Collor, que foi substituído até o fim do mandato por Itamar Franco, do PMDB. Na atual conjuntura política, Collor votou pelo impeachment de Dilma Rousseff, enquanto Lindbergh, que é natural de João Pessoa mas construiu militância política no Rio, revelou-se contrário, qualificando o processo de “golpe parlamentar”.
O inquérito contra Lindbergh, que vinha tramitando no Supremo, foi aberto em março de 2015 para apurar se ele cometeu crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Numa delação premiada, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, afirmou que em 2010 Lindbergh teria lhe pedido R$ 2 milhões para sua candidatura ao Senado pelo Rio. O ministro Edson Fachin determinou o arquivamento acolhendo pedido feito pela Procuradoria-Geral da República no fim de janeiro. Para a PGR, as provas colhidas no inquérito não apresentam indícios de crimes cometidos pelo parlamentar. Em novembro de 2016 a Polícia Federal havia pedido o arquivamento da investigação.
Em relação a Fernando Collor, que também foi governador de Alagoas e prefeito de Maceió, foi arquivado um dos cinco inquéritos instaurados contra ele. A investigação apurava se o parlamentar praticou crimes de corrupção e lavagem de dinheiro na BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras, mas a Procuradoria Geral da República sustentou haver ausência de elementos mínimos para justificar a abertura de uma ação penal. Edson Fachin liberou para julgamento denúncia apresentada pela PGR contra o senador Valdir Raupp, do PMDB-RO, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no âmbito da Operação Lava Jato. Raupp é acusado de ter embolsado R$ 500 mil para sua campanha ao Senado. Os recursos teriam sido desviados, em 2010, do esquema de corrupção instalado na Petrobras. Ele nega as irregularidades. O ministro Fachin afirmou, ontem, ser contrário ao foro privilegiado para políticos por entender que é incompatível com os princípios republicanos.
Nonato Guedes, com agências