O vice-presidente do Senado, o paraibano Cássio Cunha Lima, do PSDB, está na presidência da Casa, ainda que por poucos dias. É que o presidente Eunício Oliveira, do PMDB do Ceará, licenciou-se da função porque precisava submeter-se a uma cirurgia para retirada da vesícula (colecistectomia), ontem. Cássio, entretanto, só deve assumir a titularidade caso haja algum compromisso durante o período do Carnaval. Será um período curto, em que o Senado não terá sessão deliberativa, conforme explicou o próprio parlamentar, ontem, a jornalistas.
Governador da Paraíba por duas vezes (tendo sido afastado pelo TSE em fevereiro de 2009 sob alegação de improbidade administrativa, o que ele contestou enérgicamente), Cássio é filho do ex-governador e poeta Ronaldo Cunha Lima. Foi o mais jovem deputado federal constituinte na Assembléia instalada em 1987 em Brasília e que acabou legando ao país a chamada Constituição-Cidadã. Admirado por notáveis da política que já morreram, como Ulysses Guimarães, Mário Covas, e com livre trãnsito junto a figuras de expressão como Fernando Henrique Cardoso e Aécio Neves, Cássio foi prefeito de Campina Grande e superintendente da Sudene, na gestão do presidente Itamar Franco.
Ele começou sua carreira nos quadros do PMDB, tendo migrado para o PSDB quando o seu grupo rompeu com José Maranhão, pela insistência deste em concorrer ao governo do Estado, que já exercia, em 98, com a aprovação da emenda da reeleição. No PSDB nacional, Cássio sempre ocupou espaços, tendo sido, até pouco tempo, líder da bancada no Senado, sucedendo a Aécio Neves, que se afastara do posto. A presidência do Senado expediu nota oficial a respeito do procedimento a que foi submetido o presidente Eunício Oliveira. A nota esclarece que após exames clínicos realizados na noite de quarta-feira, o parlamentar foi submetido a uma pequena intervenção cirúrgica para a retirada da vesícula. O procedimento foi realizado com sucesso e o senador recupera-se bem.
Cássio reedita, com sua investidura, a passagem de um outro paraibano ilustre, Humberto Lucena, pela presidência do Senado. Por duas vezes, Humberto dirigiu a instituição numa mesma legislatura. Concorreu com os senadores José Fragelli, do Mato Grosso do Sul, e Nelson Carneiro, do Estado do Rio, derrotando-os por expressiva maioria. Parlamentar atuante, com passagem pela Câmara dos Deputados e integrante do bloco emedebista que combateu a ditadura militar, Humberto teve contestada sua permanência no cargo, por entendimento do TSE de que ele teria cometido crime eleitoral ao utilizar a Gráfica da instituição para imprimir cartões de Boas Festas e Feliz Ano Novo, remetidos pelos Correios aos eleitores na Paraíba. O então senador paraibano Antônio Mariz proferiu indignado discurso contra a sanção imposta a Humberto, revelando tratar-se de medida hipócrita, já que todos os parlamentares se utilizavam da Gráfica para impressão de correspondências do seu interesse pessoal. Humberto chegou a ter o próprio mandato ameaçado, sendo restituído ao lugar graças a um projeto de anistia extraordinário que foi assinado pelo então presidente da República Fernando Henrique Cardoso. Cunha Lma esteve na linha de frente dos partidários do impeachment da presidente Dilma Rousseff, recentemente.
Nonato Guedes