O secretário de Recursos Hídricos da Paraíba, João Azevedo, declarou à revista “Exame” que atualmente o Estado concentra o maior número de cidades atingidas pela seca, o que torna cada vez mais imperiosa a concretização da transposição de águas do rio São Francisco. Quase 90% das cidades paraibanas estão em situação de emergência por falta de água – expressou Azevedo, lembrando que o nível dos reservatórios já é inferior a 10%. “Temos 42 cidades em colapso abastecidas somente por carros-pipa”, adiantou o secretário.
Uma ampla reportagem de “Exame” enfatiza que parte das obras da transposição do São Francisco será entregue este mês, atenuando a calamidade gerada pela maior seca dos últimos cem anos. Mas, de acordo com a repórter Renata Vieira, que visitou a Paraíba, Ceará e Pernambuco, há o risco de que a maior obra de infraestrutura hídrica do país vire um elefante branco. Na cidade de Monteiro, ponto final do chamado Eixo Leste da transposição, a previsão de chegada da água foi para este mês. Em abril, deverá estar disponível para captação no açude Epitácio Pessoa, conhecido como Boqueirão e responsável pelo abastecimento de 1 milhão de pessoas na região metropolitana de Campina Grande, a segunda maior do Estado.
O secretário João Azevedo afirma que o esforço do governador Ricardo Coutinho, do PSB, tem sido permanente com vistas a facilitar a situação das famílias atingidas pela estiagem, mas observa que o carro-pipa é o tipo do paliativo impossível de ser aplicado a uma grande cidade. A estimativa de autoridades federais é de que as perdas da economia nordestina chegaram a 100 bilhões de reais desde 2012, na maior seca em um século. No Ceará, o reservatório de Castanhão, um dos maiores do Nordeste e fonte primária do abastecimento de Fortaleza, está com apenas 6% de sua capacidade de água. E será justamente o Ceará que vai receber o maior volume de água da transposição – quase 40%. “Se não chover nos próximos meses, a capital precisará racionar para ter água até o final do ano”, diz o secretário de Recursos Hídricos do Ceará e ex-ministro da Integração Nacional Francisco Teixeira.
Nonato Guedes