Aliados e interlocutores do governador Ricardo Coutinho (PSB) começam a se animar com a possibilidade dele sair candidato ao Senado em 2018. Até então, Ricardo tem sido reticente em torno do assunto, o que foi entendido como sinal de que ele poderia permanecer até o fim do mandato para conseguir eleger o sucessor de sua confiança. O fato novo que criou alento entre ricardistas foi a empolgação do governador pela política e o surgimento de uma bandeira que poderia alavancar uma virtual postulação a senador – a transposição das águas do rio São Francisco.
A chegada das águas a Monteiro, no cariri paraibano, com a perspectiva de resultados promissores para famílias de agricultores estaria levando o governador, segundo fontes qualificadas, a considerar a hipótese de deixar o governo para disputar vaga senatorial. O chefe do Executivo, que recepcionou friamente o presidente Michel Temer na sua vinda para o marco inaugural da transposição, está engajado decididamente no evento do final de semana que contará com os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, em Monteiro. Hoje pela manhã, na tribuna da Assembleia, o deputado petista Frei Anastácio Ribeiro reconheceu o empenho do governador para formar fileiras ao lado dos que defendem a continuidade efetiva da transposição.
Nos meios políticos, o raciocínio corrente, até bem pouco, era o de que o governador, além de não ter interesse pelo Senado, teria dificuldades para concorrer fora do poder se ascendesse ao seu lugar a vice-governadora Lígia Feliciano (PDT) e ele, Ricardo, apoiasse outro nome, seja o do deputado Gervásio Maia, presidente da Assembleia, ou outros que estão em pauta na imprensa. Lígia e o seu marido, o deputado federal Damião Feliciano, têm externado a confiança em que o governador apoiará a candidatura da sua vice ao governo do Estado. Da parte de Coutinho não houve nenhuma manifestação a esse respeito. Quanto à questão do uso da máquina como instrumento para se eleger, o governador tem deixado claro que nunca dependeu disso para alcançar mandatos eletivos, desde o de vereador em João Pessoa ao de governador, reeleito em 2014.
O governador não se pronuncia de forma incisiva acerca de uma postulação majoritária em 2018 porque avalia suas chances concretas nos diferentes cenários que estão sendo forjados para aquela disputa. Fala-se, por exemplo, na candidatura do prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo (PSD) ao governo, e também na postulação do senador tucano Cássio Cunha Lima, que foi derrotado por Ricardo em 2018 depois de terem sido aliados em outras batalhas. “A repercussão do evento em Monteiro com as presenças de Lula e Dilma pode produzir uma reviravolta na política paraibana”, comentou um deputado estadual da base de Ricardo, na sala de imprensa da Assembleia hoje pela manhã.
Nonato Guedes