O advogado e ex-deputado federal paraibano João Agripino de Vasconcelos Maia (João Neto), radicado em Brasília, declarou com exclusividade ao site “Os Guedes.com”, por telefone, que uma eventual cassação do mandato do presidente Michel Temer (PMDB) pode contribuir para agravar o impasse político-institucional e a conjuntura econômica e social no país, frisando que seria uma medida traumática, da mesma forma como foi traumático o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, do PT. Filho do ex-governador João Agripino Filho e ex-candidato ao governo do Estado em 1990, João Neto lembra que foi companheiro de legislatura de Michel Temer na Câmara e considera que ele é um político ponderado, que tolera recuos em decisões que porventura considere precipitadas ou equivocadas.
A apreciação do ex-parlamentar paraibano foi feita a propósito do parecer que está para ser apresentado pelo ministro Herman Benjamin, também paraibano da região de Catolé do Rocha, no âmbito do Tribunal Superior Eleitoral, pela cassação da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer. João Neto disse que há um clima de apreensão em Brasília diante dos desdobramentos de uma cassação da chapa. Se isto viesse a ocorrer, conforme ele, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, teria prazo de 30 dias para convocar eleição indireta para presidente da República, ao mesmo tempo em que se investiria no cargo provisoriamente. Mesmo assim, João Agripino adverte que o caso tende a ir parar no Supremo Tribunal Federal, desencadeando imnterpretações variadas e, com isto, paralisando atividades essenciais no país.
João Agripino foi colega de Michel Temer na Assembleia Nacional Constituinte de 1988, ambos como deputados federais pelo PMDB. Na avaliação final do Diap (Departamento Intersindical de Apoio Parlamentar), João Agripino obteve média final de 8,75, pelas suas posições nacionalistas, também identificadas como de centro-esquerda, tendo votado, por exemplo, a favor da reforma agrária. Michel Temer teve média final 2,25 na avaliação do Diap. Ele substituiu na Constituinte o deputado Tidei de Lima, que se licenciou para assumir uma secretaria de Estado no governo de Orestes Quércia. Temer assumiu-se como presidencialista e votou contra a reforma agrária, tendo se posicionado favoravelmente aos cinco anos de mandato para José Sarney, que assumira com a morte de Tancredo Neves.
Na atual condição de presidente da República, conforme o julgamento do ex-deputado federal paraibano João Agripino Neto, Temer se esforça para empreender um governo semiparlamentarista, o que pode ser constatado pelo prestígio que ele confere ao Congresso Nacional nas decisões que toma. “No geral, identifico traços positivos da parte do governo do presidente Michel Temer e acredito que sua investildura foi assimilada como decorrência da situação excepciopnal gerada pelo impeachment de Dilma Rousseff”, frisou João Neto. O ex-deputado paraibano discorda da prioridade que Temer deu à reforma da Previdência sem que tivesse um esboço sedimentado em torno das mudanças. “É o tipo da mudança que só se faz quando o governo tem uma duração maior e não quando o governo se investe em posição de emergência, pelos interesses que pode contrariar e pelas resistências que naturalmente desperta em segmentos da sociedade”, assinala. Tio do atual presidente da Assembleia Legislativa da Paraíba, Gervásio Maia Filho, João Agripino Neto revela confiar na maturidade das lideranças que estão no comando de posições no Congresso Nacional e no governo do presidente Michel Temer para que não haja qualquer sintoma de agravamento da conjuntura nacional.
Nonato Guedes