Sites noticiosos do Sul do país como UOL revelam que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, espécie de dirigente de honra do Partido dos Trabalhadores, não tem simpatia pela postulação do senador Lindbergh Farias (PT-RJ) no sentido de presidir o diretório nacional do partido, substituindo a Rui Falcão. O novo presidente nacional do PT terá a responsabilidade de tentar reconduzir a legenda ao poder, depois dos golpes sofridos com o impeachment da presidente Dilma Rousseff, as acusações que tramitam em esferas judiciais contra Lula e as prisões de condestáveis do PT envolvidos no escândalo do petrolão e alcançados pela Operação Lava Jato.
Lindbergh Farias é natural de João Pessoa e foi presidente nacional da UNE, em 92, por ocasião do impeachment do então presidente Fernando Collor de Melo, acusado de envolvimento com o esquema “PC Farias”. Collor acabou afastado do poder. Apesar de paraibano, Lindbergh construiu militância política no Rio, tendo sido deputado estadual, prefeito de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, deputado federal e atualmente senador. Farias, que sempre foi mencionado na mídia como bastante ligado ao grupo do ex-presidente Lula, parece enfrentar restrições no “staff” lulista. Pelo que UOL revela, o ex-presidente da República veta o nome de Lindbergh para assumir o comando nacional do PT por não considerá-lo petista ortodoxo, ou seja, inteiramente identificado com a agremiação.
Em conversas informais, em tom reservado, com outros líderes de proa do Partido dos Trabalhadores, o ex-presidente Lula recorda a militância do senador Lindbergh Farias por outros partidos como o PSTU e o PCdoB, até chegar aos quadros do Partido dos Trabalhadores, pelo qual, inclusive, concorreu ao governo do Rio em 2014, sem êxito. As versões sinalizam que o candidato “in pectoris” do ex-presidente Lula para comandar o PT nacional seria o ex-ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Por sua vez, a ex-presidente Dilma Rousseff teria manifestado informalmente o desejo de ver a senadora Gleisi Hoffmann no comando da legenda, embora deixando claro que o predomínio absoluto dentro do partido é do ex-presidente Lula, com influência por diretórios estaduais. Ainda recentemente, Dilma e Lula estiveram na Paraíba para promover o que chamaram de “caravana popular” na visita à chegada das águas da transposição do rio São Francisco à cidade de Monteiro, no Cariri paraibano. Foram recepcionados pelo governador Ricardo Coutinho, do PSB, que também anfitrionou Temer, mas sem muito entusiasmo. O governador destacou, principalmente, o empenho do ex-presidente Lula para a concretização da transposição de águas, um projeto que remonta ao Império.
Nonato Guedes