O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados decidiu nessa quarta-feira (5) punir com uma censura por escrito o deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ) pelo cuspe em Jair Bolsonaro (PSC-RJ) no dia da votação do impeachment de Dilma Rousseff, em abril de 2016.
O relator, deputado Ricardo Izar (PP-SP), havia sugerido inicialmente a suspensão do mandato por quatro meses (depois reduziu para 30 dias), sob o argumento de que o ato cometido por Wyllys havia sido “torpe” e teria atingido a imagem do Congresso Nacional.
Seu relatório foi derrotado por 9 votos contra 4. A advertência escrita, relatada por Julio Delgado (PSB-MG), foi aprovada por 13 votos a 0.
Wyllys se desentendeu com Bolsonaro momentos depois de anunciar no microfone do plenário sua posição contrária à recomendação da abertura do processo de impeachment.
Ao descer do púlpito montado, ele deu uma cusparada na direção de Bolsonaro. O deputado do PSOL, que é homossexual assumido, disse que vinha sendo ofendido de forma reiterada por comentários homofóbicos do colega do PSC.
Bolsonaro nega e diz que assim como outros deputados apenas repetiu nessa votação a expressão “tchau, querida”, se referindo a Dilma. Durante a confusão, seu filho, Eduardo Bolsonaro (PSC-SP), cuspiu de volta na direção de Wyllys.
Wyllys pode recorrer ao plenário da Câmara contra a advertência escrita. O texto dessa censura não foi informado. Se confirmada, ela será lida em plenário pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ainda sem data definida.
Embora defendessem o arquivamento sumário da representação, aliados de Wyllys disseram estar satisfeitos com a decisão desta quarta.
Bolsonaro também foi recentemente alvo do Conselho, mas acabou sendo absolvido.
Em novembro de 2016, o colegiado decidiu por 11 votos a 1 arquivar a representação que pedia a cassação do mandato do deputado do PSC por ele ter defendido, também no dia da votação do impeachment, a memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra (1932-2015), um dos principais símbolos da repressão durante a ditadura militar.
Fonte: Folha de São Paulo