As principais lideranças com influência no Partido dos Trabalhadores, a exemplo dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, operam nos bastidores para acomodar o senador paraibano Lindbergh Farias, representante do Estado do Rio, nos postos de comando da agremiação. Faltando dois dias para a primeira etapa das eleições para o comando nacional do PT, o secretário-geral do partido, Romênio Pereira, apresentou uma proposta de acordo entre os dois candidatos à presidência nacional da sigla – os senadores Lindbergh e Gleisi Hoffmann (Paraná).
Gleisi ganhou estímulos para concorrer à presidência, substituindo a Rui Falcão. Em compensação, Lindbergh Farias teria criada uma vice-presidência nacional exclusivamente para ele. Com isto, ficaria evitada a disputa entre os dois parlamentares. Atualmente, a Executiva Nacional do PT é composta por 21 petistas. Lindbergh seria o seu vigésimo segundo integrante e o primeiro vice-presidente do PT. A exemplo do que já acontece na eleição do presidente do partido, a votação a Lindbergh seria feita independentemente da correlação de forças internas usada para a composição da cúpula partidária.
Há poucos dias, o ex-presidente Lula teria feito ressalvas irônicas à pretensão de Lindbergh de ser o presidente nacional do PT, afirmando que o partido precisa de um dirigente com raízes sólidas, numa alusão ao fato de que Farias já transitou pelo PC do B e pelo PSTU. Ele não é visto como um petista ortodoxo ou químicamente puro. O próprio Lula chegou a ter seu nome cogitado para voltar a dirigir a agremiação, dentro do raciocínio de que isto seria estratégico para uma eventual candidatura sua a presidente da República em 2018. Entretanto, a cogitação foi deixada de lado em virtude da ameaça de condenação de Lula em processos instaurados contra ele e que estão na alçada do juiz Sérgio Moro, um dos expoentes da Operação Lava Jato deflagrada a partir de Curitiba. Há uma grande expectativa, inclusive, sobre o encontro entre Lula e Moro, que foi adiado até agora. Nesse ínterim, o ex-presidente Lula fez ironias e insinuações a Moro.
Depois do impeachment de Dilma Rousseff e diante das ameaças contra o ex-presidente Lula, o Partido dos Trabalhadores aposta no desgaste extremo do governo de Michel Temer para poder se recuperar política e eleitoralmente, reavendo quadros que migraram para outras legendas. Ontem, o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, negou pedido para a soltura do ex-ministro Antonio Palocci, preso em setembro na Operação Lava Jato. Fachin entendeu que a defesa de Palocci deve aguardar o fim da tramitação de outro pedido de liberdade pelo Superior Tribunal de Justiça no próximo dia 18 e que, portanto, não poderia adiantar a decisão pelo STF. A defesa de Palocci queixa-se que ele está sendo submetido a constrangimento ilegal e acusa o juiz Sérgio Moro de parcialidade na condução do processo.
Nonato Guedes, com agências