A cantora e atriz paraibana Lucy Alves vem causando polêmica nas redes sociais no Estado. A artista lançou, neste fim de semana, seu novo trabalho musical, que foge bastante ao estilo forró pé de serra. Em seu novo clipe Caçadora ela mostra sensualidade no vídeo, numa música com forte batida eletrônica. A música foi incluída na trilha sonora da novela A Força do Querer e tem a assinatura do colecionador de hits Bruno Caliman, em parceria com Cesar Lemos, e produção do DJ Ruxell.
O lançamento do novo clip não agradou aos seus fãs na Paraíba, acostumados com seu estilo onde a tônica principal sempre foi o forró pé de serra. Lucy Alves teve como origem musical o grupo Clã Brasil, coordenado pelo seu pai, Badu Alves, que privilegia a música regional nordestina. Em 2013, ela participou da segunda temporada do programa The Voice Brasil, da Rede Globo, sendo finalista. Depois de sua participação no programa, Lucy assinou contrato com a gravadora Universal Music lançando seu primeiro álbum solo. Em 2016, estreou como atriz na novela Velho Chico. No mesmo ano, assinou contrato com a Warner Music Brasil.
Nomes como Carlos Aranha, jornalista e compositor, foram críticos em relação ao novo trabalho da artista paraibana. Ícone do jornalismo cultural paraibano, Aranha afirmou: Pra quem quer ganhar bem mais dinheiro e aumentar a indústria do sexo somente pelo sexo, Lucy Alves escolheu o caminho certo. Que pena para um talento que era respeitado com unanimidade… Isso acabou. Mas, cada um tem o direito de fazer o que quiser, menos matar, caluniar e roubar. Com esse direito, Lucy entrou na legião do besteirol brasileiro.
Jornalista e escritor, Tiago Germano disse não querer colocar em xeque a conduta feminista de Lucy nem o seu talento. Mas Caçadora foi composta pelo mesmo cara que escreveu “Sogrão Caprichou”, “Camaro Amarelo” e outros desses hits que vêm colocando a mulher no mesmo patamar do equipamento de som que a alta burguesia mal-educada pessoense gosta de exibir em seus porta-malas, bebendo uma cervejinha assediando as novinhas da orla, antes de fugir correndo da blitz. Então não vou engolir esse discurso oportunista não, que submete uma ideologia séria a uma lógica de mercado que, não se enganem, já vinha regendo a carreira dela desde o primeiro CD, comentou.
Para o escritor Roberto Menezes, Lucy preferiu cantar o que tinha vontade de cantar. Não o que exigem que ela cante. Segundo ele, discurso reacionário não é apenas dos fãs de Jair Bolsonaro. A escritora Letícia Palmeira foi incisiva: Todo mundo falando mal. Como vi em um comentário, com o qual concordo, a moça é brasileira e precisa pagar as contas. Com o pé de serra, que é lindo e maravilhoso, ela não vive neste país. É preciso sobreviver. O cantor Chico César também comentou sobre o assunto: Há artistas com muitas camadas a serem exploradas. E, ousados, investigam-se. Redescobrem-se, reinventam-se. Atiram-se de seus abismos. Despenhadeiros que fazem nascer asas. Processo. Viva Lucy!
Lucy começou sua vida artística aos quatro anos de idade, ingressou no mundo da música pelo Projeto Formiguinhas e depois sendo violinista na Orquestra Infantil da Paraíba e da Camerata Izabel Burity. Participou como solista das Orquestras Sinfônicas da Paraíba e de Recife e da Orquestra da Câmara de João Pessoa. Tocou violino no Conservatório Musical da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Foi também na UFPB que ela se graduou em música. Desde de 2002, ela está entre as integrantes do grupo nordestino Clã Brasil, no qual lançou oito álbuns, sendo dois álbuns ao vivo e dois DVDs. Após sua participação no programa The Voice Brasil assinou contrato com a gravadora Universal se lançando em carreira solo.
Por Linaldo Guedes