Podem anotar: o senador paraibano Lindbergh Farias, que é representante pelo Estado do Rio na bancada senatorial do PT, vai capitular da pretensão de disputar a presidência nacional do Partido dos Trabalhadores. A expectativa era de um confronto encarniçado entre o “ex-cara-pintada” do impeachment de Collor em 92 e a senadora Gleisi Hoffmann, do Paraná, que está citada na Operação Lava Jato, da mesma forma como Lindbergh. Gleisi parece ter ganho a confiança do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que foi o primeiro nome cogitado para o posto atualmente ocupado pelo apagado deputado paulista Rui Falcão.
Lula empalmaria o comando da agremiação fundada no Colégio Sion em São Paulo na década de 80 dentro da estratégia de “sacudir” o PT da pasmaceira em que se encontra após as perdas de quadros influentes, que ou estão na cadeia ou aguardam a vez de irem para celas. O próprio ex-presidente Lula, que tem se revelado osso duro de roer até agora quanto a punições por envolvimento com irregularidades ou transações ilícitas, é réu declarado em cinco processos, o que teoricamente desvia suas atenções da missão de reorganizar o partido nacionalmente e de ir se estruturando para a campanha presidencial de 2018, na qual deseja concorrer para voltar ao Palácio do Planalto.
A informação que obtive nas últimas horas, vinda de fontes privilegiadas de Brasília, é a de que o senador Lindbergh Farias pediu apenas um tempo ao próprio Lula e a outras figuras condestáveis do PT para justificar o seu afastamento do páreo pelo comando da agremiação. Pessoalmente, Farias não inspira confiança no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que desejaria ver um petista ortodoxo à frente da legenda. Não se pode dizer que Gleisi Hoffmann seja petista ortodoxa ou que represente a imagem do partido. Ela e o marido, Paulo Bernardo, ex-ministro do Planejamento, inclusive, estão na mira policial. Bernardo chegou a ser preso e a prestar interrogatório sobre desvios de dinheiro de fundos de pensão. Gleisi recebeu somas astronômicas oriundas de dinheiro sujo dos mensalões e petrolões. As tais maracutaias a que se referia Lula quando tentava distinguir o PT de outras agremiações.
Ainda assim, e levando em conta que o PT não pode ficar sem presidente, vai-se firmando o consenso em torno do nome da senadora Gleisi Hoffmann, que se notabilizou pela defesa contundente que fez da sua amiga Dilma Rousseff no processo de impeachment a esta que foi submetida no Congresso Nacional. Talvez Lula tenha se fixado em Gleisi como forma de associá-la, no inconsciente popular, à imagem de Dilma, que continua andando pelo mundo para denunciar um golpe que teria sido fruto de misoginia ou de ações machistas praticadas por representantes do povo no Congresso. Não adianta lembrar a Dilma as tais pedaladas que o Tribunal de Contas da União detectou. Mas a esta altura, isto é o de menos. O impeachment parece irreversível, salvo se…Sabe-se lá o quê.
Lindbergh Farias, que fez política a partir da Baixada Fluminense, sendo prefeito de Nova Iguaçu, alçou a deputado estadual, federal, senador – e só perdeu a eleição para governador em 2014, por erros estratégicos na condução da política de alianças do PMDB. Possivelmente data daí a certa idissioncrasia que Lula parece cultivar agora em relação a Farias. Seja como for, o cenário está sendo montado para o desembarque da pré-falada candidatura de Lindbergh a presidente nacional do PT. Os tapetes começam a ser zelados para que Gleisi Hoffmann seja entronizada no comando. Não se sabe direito o que ele poderá fazer. Mas é o que se tem, enfim!
Nonato Guedes