A divulgação, pelo jornal O Estado de São Paulo, de um listão contendo nomes de dezenas de figuras ilustres, na mira de inquéritos, agitou os meios políticos em Brasília por envolver desde ministros do governo de Michel Temer a um ministro do Supremo e parlamentares. Todos estão, teoricamente, citados nas investigações da Operação Lava Jato, cuja relatoria ficou com Fachin depois da morte do ministro Teori Zavascki em acidente aéreo. Fachin recebeu a lista do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
De acordo com as versões, poderá haver uma depuração da lista para retirar nomes que não tenham foro privilegiado. O senador paraibano Cássio Cunha Lima, do PSDB, foi relacionado juntamente com outro senador paraibano, Lindbergh Farias, este do PT e representante do Estado do Rio. Consta, ainda, o nome do ex-senador Vital do Rêgo, da Paraíba, atualmente ministro do Tribunal de Contas da União. As acusações envolvem lavagem de dinheiro, corrupção ativa e passiva e outras fraudes. Os nomes foram obtidos em depoimentos, sob delação premiada, de executivos da Odebrecht. O ministro Fachin deplorou o vazamento das informações para o jornal paulista.
Cássio Cunha Lima foi o primeiro a reagir, descaracterizando eventuais denúncias contra ele. Ele já foi líder do PSDB no Senado, governador da Paraíba e atualmente é primeiro vice-presidente do Senado, sucedendo ao presidente Eunício Oliveira (PMDB-CE), também constante do listão. Os ministros Helder Barbalho, da Integração Nacional, e Aloysio Nunes Ferreira, das Relações Exteriores, também são mencionados. Há, ainda, três governadores envolvidos e 24 parlamentares da Câmara Federal. Ao todo, estão citados nove ministros do governo Temer, 29 senadores e 42 deputados. No retorno de Fachin a Brasília – ele estava hoje em Santa Catarina – haverá um exame minucioso das denúncias. Os ministros Blairo Maggi e Gilberto Kassab compõem a constelação.
A perspectiva de divulgação do listão vinha provocando grande ansiedade em Brasília, devido ao clima de terrorismo psicológico fomentado pela ausência de informações mais concretas sobre envolvidos na Operação Lava Jato. Edson Fachin vinha afirmando nos últimos dias que sua posição seria conscenciosa, com base nos autos que instruirão os inquéritos e com os subsídios apensados ao relatório do ministro. Vital do Rêgo foi senador pelo PMDB paraibano, chegou a disputar sem êxito o governo do Estado e foi nomeado pela então presidente Dilma Rousseff para compor o colegiado do TCU. Os desdobramentos a respeito das próximas etapas serão conhecidos a partir do exame completo do que consta nos autos.
Nonato Guedes