O ministro da Integração Nacional, Helder Barbalho, agiu com rapidez para garantir a recepção das águas oriundas da transposição do rio São Francisco em Boqueirão, no entorno de Campina Grande, diante do alerta que lhe foi feito sobre ameaça de sabotagem política. Havia informação sobre redução da vazão das águas da transposição a partir da barragem de Camalaú, o que poderia retardar a chegada em Boqueirão e comprometer o objetivo da visita e a solução para Campina. As versões sinalizavam que o boicote poderia partir de setores do governo Ricardo Coutinho, o que não foi confirmado oficialmente.
Helder Barbalho foi a Boqueirão acompanhado pelos senadores Cássio Cunha Lima, do PSDB, José Maranhão e Raimundo Lira, do PMDB, bem como por deputados, prefeitos e outras lideranças políticas. O ministro seguiu, depois, para Riacho Fundo e Barra de São Miguel, onde a água passava. Helder Barbalho definiu como visita técnica a inspeção que fez ao açude Epitácio Pessoa (Boqueirão) e ao trecho do rio Paraíba por onde as áfguas do São Francisco já avançaram. O ministro aproveitou a permanência no Estado para garantir a assinatura do contrato para obras do Eixo Norte já na próxima semana. Por esse eixo, as águas do São Francisco chegarão à Paraíba pela região de Cajazeiras, no Alto Sertão.
A comitiva do ministro, parlamentares e líderes políticos chegou a Riacho Fundo, em Barra de São Miguel, no começo da noite. Juntos, entraram no rio e molharam os pés, sentindo a chegada das águas do “Velho Chico”. Fizeram questão, igualmente, de documentar a ocasião histórica através de fotografias. A expectativa para o encontro das águas em Boqueirão é para domingo. “Na bacia do Boqueirão, a água já está. Ainda temos pela frente cerca de 15 quilômetros até o encontro com o espelho atual do Boqueirão”, acentuou, admitindo que houve mudança de cronograma por razões de ordem técnica, sem que isto signifique prejuízo para as populações. De um modo geral, de acordo com o ministro, a estimativa feita para abril foi cumprida pelo governo federal.
Helder salientou que uma das prioridades do governo federal era a de transmitir confiança aos habitantes quanto aos prazos e ao esforço para enfrentamento da estiagem. O prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues, aproveitou o momento para pedir uma revisão, por parte da Cagepa (companhia estadual) no racionamento que atinge a Rainha da Borborema e oitras 18 cidades. “O volume de água é muito grande e isto significa que se houver vontade da Cagepa o racionamento já pode cessar a partir da próxima semana em Campina Grande”, comentou o prefeito. Lembrou que o racionamento era uma medida preventiva para evitar estrangulamento do abastecimento, mas esse risco está equacionado.
O prefeito de Boqueirão, João Paulo, pleiteou a licença de outorga para os irrigantes da região, que somam mais de 3 mil. “O objetivo é voltar a desenvolver e crescer. É uma coisa organizada e planejada. O que a gente está pedindo é que quando a barragem chegar a um determinado nível de 30%, seja iniciada a discussão de outorga e liberação da irrigação, atingido um certo limite de acúmulo de água”. Helder Barbalho acrescentou que o governo federal executa diversas outras ações com o objetivo de ampliar a oferta de água nas regiões que sofrem com a seca.
Nonato Guedes