Governadores e ex-governadores de Estados importantes como Rio e São Paulo estão na lista apresentada pelo ex-executivo da Odebrecht, Benedicto Barbosa da Silva Júnior, com nomes de políticos contemplados com pagamentos via caixa dois pela empreiteira. Entre os anos de 2008 e 2014, há o registro de R$ 246 milhões em repasses ilegais só da área de infra-estrutura da Odebrecht no Brasil. O ex-governador do Rio, Sérgio Cabral, que está preso, lidera o rol com quase R$ 62 milhões em caixa dois. O atual governador, Luiz Fernando Pezão, aparece como receptor de R$ 20,3 milhões.
O ministro da Ciência e Tecnologia do governo Temer, Gilberto Kassab (PSD), que foi ministro das Cidades no governo Dilma Rousseff e prefeito de São Paulo, consta na lista do delator como beneficiário de R$ 21,2 milhões em recursos não declarados à Justiça Eleitoral. O atual governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, do PSDB, teria recebido R$ 9,6 milhões em pagamentos via caixa dois em 2010 e 2014. Eduardo Paes, ex-prefeito do Rio, que era conhecido pela alcunha de “nervosinho”, aparece como beneficiário de R$ 16,1 milhões. O senador paraibano Lindbergh Farias, do PT-Rio de Janeiro, que é identificado como “Lindinho”, teria sido contemplado com R$ 5,3 milhões.
O deputado federal Júlio Lopes, alcunha “Bonitinho”, integra a lista dos dez mais, com o valor de R$ 15,6 milhões. É do PP do Rio de Janeiro. Eliseu Padilha, ministro da Casa Civil do governo Michel Temer, conhecido como “Primo”, ficou orçado em R$ 7,2 milhões. O senador e ex-governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia, do PSDB, recebeu R$ 5,4 milhões e a alcunha de “Dengo”. Os envolvidos, em regra, desmentem recebimento de dinheiro ilícito da Odebrecht. Foi o que fez o ministro Gilberto Kassab, queixando-se que não teve acesso oficialmente às informações e dizendo que confia na Justiça. Ele alertou para a necessidade de se ter cautela com depoimentos de colaboradores, que não constituem provas. Reafirma que os atos praticados em suas campanhas foram realizados de conformidade com a legislação.
O governador Luiz Fernando Pezão, por sua vez, argumentou que nunca recebeu recursos ilícitos e que jamais teve contas no exterior. Textualmente, enfatizou: “As doações de campanha foram feitas de acordo com a Justiça Eleitoral. Jamais pedi recursos irregulares em minha vida política nem autorizei que o fizessem em meu nome. Jamais recebi um centavo ilícito. Da mesma forma, sempre exigi que minhas campanhas fossem feitas dentro da Lei”. O deputado Júlio Lopes revelou que confia no trabalho das instituições e que se coloca inteiramente à disposição da Justiça para colaborar com informações que vão esclarecer todos os fatos. O ex-governador garantiu que todas as suas contas eleitorais foram aprovadas pela Justiça.
Nonato Guedes, com agências