Com a desistência do deputado Gervásio Maia (PSB), revelada ao portal “Wscom”, em concorrer ao governo do Estado em 2018, preferindo centrar atenção numa provável candidatura a deputado federal, ganha força a hipótese de lançamento da candidatura do secretário de Infraestrutura e Recursos Hídricos, João Azevedo, ao Palácio da Redenção, pelo esquema situacionista. Azevedo é um técnico da confiança absoluta do governador. Em 2016, Ricardo chegou a ensaiar uma suposta candidatura dele a prefeito de João Pessoa. Houve um prenúncio de massificação do nome de João, chamado a discursar em solenidades envolvendo obras de repercussão pública.
Por estratégia do governador, cujas razões não foram reveladas à imprensa, Azevedo foi poupado da disputa e em seu lugar o esquema de Ricardo lançou a professora universitária Aparecida Ramos. Em 2012, Ricardo lançara a hoje deputada estadual Estelizabel Bezerra como candidata a prefeita – e apesar de um desempenho surpreendente ela não logrou ir para o segundo turno, que foi decidido entre Luciano Cartaxo e Cícero Lucena. Cida teve uma performance menos expressiva do que a de Estelizabel, mas cumpriu o figurino traçado pelo governador de bater nos candidatos e esquemas adversários. Luciano Cartaxo foi reeleito em primeiro turno, contando com as adesões dos senadores José Maranhão e Cássio Cunha Lima. O PMDB indicou o candidato a vice, na pessoa do ex-deputado federal Manoel Júnior, que tem a possibilidade de se investir na titularidade se Cartaxo aceitar os convites e insinuações para concorrer ao governo no próximo ano.
Há poucos dias, o governador Ricardo Coutinho, numa roda em que estavam presentes jornalistas e assessores, fez uma referência a João Azevedo, dizendo que sem ele não era nada. A frase foi interpretada como sinal da importância que Ricardo atribui a João Azevedo nas missões que lhe são delegadas e que ele cumpre com pontualidade. O secretário de Comunicação Institucional do governo, Luís Torres, abordado por jornalistas, informalmente, confirmou a “grande deferência” que há da parte do governador em relação a João Azevedo, que acompanha os projetos de Ricardo desde quando ele foi prefeito de João Pessoa, em dois mandatos, tendo renunciado no último para concorrer ao governo, saindo vitorioso.
Fontes políticas ligadas a Gervásio observam que ele admitiu as especulações em torno de uma provável candidatura ao governo do Estado em 2018 por entender que o projeto poderia dar certo e ter consequência política para sua carreira. “Mas não era uma obsessão, até porque Gervásio é jovem e tem disposição para galgar espaços sem afobação, dentro das condições favoráveis de temperatura e pressão”, define uma pessoa ligada ao presidente da Assembleia Legislativa, acrescentando que Maia está construindo sua trajetória evolutiva e que deu dois passos importantes nessa direção – a filiação ao PSB, depois de uma militância prolongada no PMDB e a ascensão à direção da Casa de Epitácio Pessoa, repetindo feito protagonizado por seu pai, o falecido ex-deputado Gervásio Bonavides Maia. Este, depois de ter sido presidente da AL, concorreu à vice-governança do Estado na chapa encabeçada por Roberto Paulino em 2002, que foi derrotada em segundo turno por Cássio Cunha Lima, do PSDB. Gervásio Filho identifica na candidatura a deputado federal em 2018 um momento histórico relevante na sua trajetória e, prevenido, já deflagrou articulações para garantir apoios e compor alianças municipais que venham a fortalecer o projeto. Ele tem amplas possibilidades de estadualizar a candidatura por outras regiões da Paraíba em que não havia tido penetração até então.
Da parte de João Azevedo, a postura será de expectativa em relação a coordenadas traçadas diretamente pelo governador Ricardo Coutinho, uma vez assumido o projeto da candidatura ao governo em 2018. Embora ultimamente tenha adquirido jogo de cintura política e demonstre habilidade para contatos nessa seara, o secretário João Azevedo tem consciência de que terá um caminho profundo a percorrer para se testar definitivamente nas urnas. Além da competência técnica, ele demonstra espírito tolerante, o que faz com que não tome atitudes açodadas. Esse perfil pode facilitar, em muito, os passos políticos que vier a seguir dentro da estratégia que for elaborada pelo governador Ricardo Coutinho, asseveram fontes ligadas ao líder maior do agrupamento “girassol” no Estado.
Por Nonato Guedes