A disputa por uma vaga na Câmara Federal promete desencadear uma luta encarniçada entre postulantes dentro do PSB paraibano, conforme admitem líderes da própria agremiação. Até então vinham se insinuando a uma vaga, com o apoio do governador Ricardo Coutinho, que é considerado o maior líder do agrupamento, o presidente estadual do Partido Socialista Brasileiro, Edvaldo Rosas, e a deputada estadual Estelizabel Bezerra, que ainda está em seu primeiro mandato na Assembleia Legislativa. Outros candidatos, de outros partidos que estão na base do governador, reforçariam o time dos “girassóis” na campanha de 2018.
A situação tornou-se mais acirrada depois que o deputado Gervásio Maia, presidente da Assembleia Legislativa, que vinha sendo mencionado entre prováveis opções ao governo do Estado, descartou a hipótese de concorrer ao Palácio da Redenção e anunciou que será candidato a deputado federal. A reportagem apurou que, focado nesse projeto, Gervásio deflagrou contatos com lideranças políticas de inúmeros municípios de regiões diferentes, em algumas das quais não tem penetração atualmente. Ele quer dispor de uma logística confiável que sinalize para sua vitória nas eleições proporcionais de 2018.
Nas últimas horas, surgiram versões dando conta de que a desistência de Gervásio em disputar o governo decorreu da relutância do governador Ricardo Coutinho em sinalizar que candidato poderia vir a ungir em 2018 para a sua sucessão. As especulações revelam que além da expectativa da vice-governadora Lígia Feliciano, do PDT, em vir a ser sacramentada por Ricardo, acenos poderiam estar sendo feitos a políticos de outras legendas, como o senador Raimundo Lira, do PMDB, que mantém boas relações com o governador. Entretanto, o que está sendo cogitado no âmbito do PSB é que o governador tende a apostar na candidatura do secretário de Infraestrutura, João Azevedo, ao governo. Além de ser da sua confiança pessoal e ter se revelado um executivo eficiente, João Azevedo teve sua provável candidatura a prefeito de João Pessoa ensaiada nas eleições de 2016. Por razões estratégicas do governador, ele não foi confirmado postulante, tendo sido escolhida a professora Cida Ramos, que não foi sequer ao segundo turno.
O governador, de acordo com fontes que lhe são próximas, preocupa-se em lançar uma chapa comprovadamente competitiva para as eleições majoritárias do próximo ano, diante da perspectiva de vir a enfrentar um rolo compressor que poderia unir os senadores Cássio Cunha Lima, do PSDB, e José Maranhão, do PMDB, em torno da candidatura do prefeito reeleito de João Pessoa, Luciano Cartaxo, do PSD. Se bem que haja comentários recorrentes sobre candidaturas de Cássio ou de Maranhão ao governo, as articulações nos bastidores encaminham-se para a reiteração do pacto que beneficiaria a candidatura de Luciano Cartaxo. O prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues, do PSDB, insinuou que se Cássio não for candidato ao governo, ele se oferece para o desafio. Mas Romero está sendo convencido de que a renovação da aliança de 2016 firmada na Capital é a melhor solução para derrotar o esquema de Ricardo. O deputado federal Pedro Cunha Lima alertou, nas últimas horas, para a necessidade de se deixar de lado ambições pessoais.
Nonato Guedes