Aliados políticos do governador Ricardo Coutinho (PSB) estão confiantes em que ele aceitará o desafio de disputar uma vaga ao Senado nas eleições de 2018, se não houver impedimento jurídico na sua trajetória política. Argumentam que a postulação por parte do governador, além de premiar sua competência, contribuirá para reforçar a campanha majoritária e mesmo proporcional de candidatos e candidatas da agremiação socialista e da coligação que vier a ser formada, dado o prestígio pessoal que Ricardo detém a partir de João Pessoa, estendendo-se a localidades de regiões distintas do Estado.
Até então Coutinho tem sido dúbio nas declarações sobre uma possível candidatura no próximo ano. Na última declaração, enfatizou que a disputa pelo Senado só tem sentido se atender aos interesses do projeto político que ele coordena e que, na sua opinião, transformou a realidade social, econômica e política da Paraíba. Com isto, descaracterizou versões de que teria obsessão para concorrer. “Pessoalmente eu não tenho dificuldade alguma em permanecer no governo até o último dia, se esta for a manifestação consensual no agrupamento a que pertenço”, ele esclareceu, sinalizando, em contrapartida, que não foge a desafios que lhe são delegados.
Em 2018 estarão em jogo na Paraíba as vagas atualmente ocupadas por Cássio Cunha Lima, do PSDB, e por Raimundo Lira, do PMDB. Este foi investido na titularidade com a renúncia de Vital do Rêgo, nomeado para a função de ministro do Tribunal de Contas da União. No retorno ao Congresso – ele havia sido senador a partir de 1987 – o empresário Raimundo Lira surpreendeu por uma atuação extremamente dinâmica e pela ocupação de espaços na conjuntura, tendo sido alçado à condição de presidente da Comissão Processante do Impeachment da presidente Dilma Rousseff, onde manteve postura de equilíbrio, assegurando direito de defesa para a mandatária que, no final das contas, foi mesmo apeada do cargo.
Junto ao presidente Michel Temer, correligionário seu do PMDB, os canais de comunicação para o senador Raimundo Lira estão facilitados. O parlamentar logrou, inclusive, persuadir o presidente da República a receber em audiência o governador paraibano Ricardo Coutinho para o trato de assuntos urgentes da Paraíba. Ricardo tomou postura aberta contra o impeachment de Dilma Rousseff e a trouxe ao Estado para uma palestra em que denunciou estar sendo vítima, na época, de um golpe parlamentar. Mais recentemente, o governador ciceroneou os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff em evento da transposição de águas do rio São Francisco, ocorrido em Monteiro, no cariri. Antes, no Estado, Ricardo recebera Temer em outra cerimônia ligada à transposição.
Os aliados de Ricardo, como último argumento para sensibilizá-lo a disputar a vaga de senador, referem-se ao exemplo do ex-governador Tarcísio Burity, que após concluir o primeiro mandato, em que fora escolhido indiretamente, disputou vaga à Câmara Federal, sendo vitorioso. A explicação de Burity era a de que precisava dispor de uma tribuna para se defender dos ataques dos inimigos quando deixasse o governo. Da tribuna da Câmara, Burity repeliu acusações assacadas por políticos que seguiam a orientação do ex-governador Wilson Leite Braga. Em 86, Burity se consagrou politicamente retornando ao governo pelo voto, numa disputa em que derrotou Marcondes Gadelha por quase 300 mil votos de maioria.
Nonato Guedes