O rompimento do diretório nacional do PSB com o governo do presidente Michel Temer pode ter consequências negativas para a Paraíba do ponto de vista da obtenção de recursos federais e atendimento de outras reivindicações. Embora o governador Ricardo Coutinho não assuma linha cerrada de oposição a Temer, ele tomou atitudes que podem ter desagradado ao Planalto, como a de abrir espaço para Dilma Rousseff, quando ainda era presidente, a fim de fazer sua defesa pública no processo de impeachment. Ricardo, ao mesmo tempo, trouxe Dilma e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para uma visita extra-oficial, mas com caráter popular, às obras da transposição do rio São Francisco, com a chegada das águas no cariri.
A decisão da cúpula nacional socialista de oficializar o rompimento com o governo Temer se deu em meio a cobranças do presidente sobre fidelidade de votos de parlamentares a favor do governo, em matérias polêmicas como a reforma da Previdência e a reforma trabalhista. O PSB tem externado divergências em torno de aspectos pontuais das reformas encaminhadas pelo governo, sinalizando que elas retiram conquistas asseguradas para os trabalhadores. Michel Temer tem feito corpo a corpo junto a senadores e deputados no sentido de que assumam compromisso com as mudanças, consideradas essenciais.
Ricardo Coutinho conseguiu sua primeira audiência com Temer para tratar de assuntos de interesse da Paraíba graças a uma mediação do senador Raimundo Lira, da bancada do PMDB. Posteriormente, o presidente veio inspecionar obras da transposição do rio São Francisco na cidade de Monteiro, no cariri, e Ricardo cumpriu as honras de anfitrião oficial. O PSB detinha um ministério na gestão de Michel Temer, cujo ocupante foi orientado a devolver o cargo ao Palácio do Planalto. Com a oficialização do rompimento, o placar de votos em plenário fica desequilibrado para o governo na Câmara. O esfriamento de relações de Temer com o governador Ricardo Coutinho pode vir a ser compensado pelo apoio maciço de parlamentares de outros partidos, como PSDB e PP, que integram a base de sustentação governista no Congresso. Até as últimas horas não havia sido emitido qualquer pronunciamento por parte do gestor paraibano acerca da atitude da direção nacional de oficializar o rompimento com Temer.
Nonato Guedes