A perspectiva de escolha de dois coordenadores para a bancada federal paraibana no Congresso – um para a bancada na Câmara, outro para a bancada no Senado – acirrou divergências entre os parlamentares. O senador Cássio Cunha Lima, do PSDB, propôs a indicação de José Maranhão, do PMDB, para coordenar a bancada de três integrantes no Senado (o outro é Raimundo Lira, também peemedebista), diante da desconfiança de que o esquema do governador Ricardo Coutinho teria manobrado para a destituição de Benjamin Maranhão (SD) da coordenação da bancada na Câmara e sua consequente substituição por Wilson Filho, do PTB. A manobra palaciana foi encarada como sintoma de retaliação aos prefeitos Luciano Cartaxo (PSD), de João Pessoa, e Romero Rodrigues (PSDB), de Campina Grande, que não são alinhados ao Palácio da Redenção.
O deputado federal Veneziano Vital do Rêgo, do PMDB, que vinha revelando descontentamento com a cúpula do partido, discordou da indicação do nome do senador José Maranhão. “O ideal seria que continuássemos como nos dois últimos anos, tendo um companheiro apenas para responder pelas duas bancadas, já que muitos dos assuntos que tratamos dizem respeito a objetivos comuns, para favorecer a Paraíba. É uma fórmula mais sugestiva e mais passível de consenso”, opinou Veneziano. Ele defendeu o nome de Wilson Filho para comandar os trabalhos. Hugo Motta, também do PMDB, admitiu não ser favorável à escolha de José Maranhão. A decisão final em torno do impasse deverá ser tomada na próxima quarta-feira, quando de reunião da bancada em Brasília.
O senador José Maranhão, particularmente, gostou da sugestão do seu nome para coordenar a bancada no Senado. “É um gesto de confiança e respeito à minha atuação parlamentar, sobretudo pela forma serena e democrática como trato as questões legislativas. Procurarei continuar trabalhando para corresponder às expectativas dos representantes do povo no Congresso. Vou servir bem à nossa bancada, pois acho que a Paraíba merece o melhor de todos”, pontuou José Maranhão, referindo-se ao empenho para alocação de recursos em benefício do Estado no Orçamento Geral da União. O deputado André Amaral, do PMDB, que assumiu a titularidade do mandato com a renúncia de Manoel Júnior para ser vice-prefeito de João Pessoa, acredita que podem ocorrer melhorias com a escolha de dois coordenadores. “O importante é a bancada estar organizada e trabalhar de forma conjunta, para não dispersar forças”, comentou.
Os parlamentares querem colocar um fim à especulação de que o governador Ricardo Coutinho, do PSB, estaria influenciando membros da bancada para decidir quem será o coordenador. Os senadores José Maranhão e Raimundo Lira asseguraram que não há influência do governo estadual, lembrando que a decisão é concernente apenas à representação federal paraibana. Raimundo Lira foi taxativo nesse sentido: “O governador Ricardo Coutinho não está interferindo”.
Nonato Guedes