Os políticos paraibanos que estão engajados no “desmonte” da bancada federal em Brasília estão protagonizando um péssimo exemplo, que obviamente terá consequências negativas para o Estado. O impasse está na coordenação da bancada na Câmara, que em tese também representa os senadores. Há um movimento para destituir o deputado Benjamin Maranhão e substituí-lo por Wilson Filho, que já ocupou o posto. Como acontece em articulações desse jaez, deu-se o confronto entre senadores e deputados. Passou-se a falar na escolha de dois coordenadores – um para dirigir dois senadores, outro para dirigir 11 deputados.
Convenhamos: não é uma solução salomônica. É uma fórmula para achincalhar a figura do coordenador de bancada, enfraquecer os seus poderes, afetar sua credibilidade junto a ministérios e escalões de poder em Brasília. Uma prática que não é estranha à política paraibana. Está enraizada no inconsciente dos parlamentares, com raras exceções, uma certa visão provinciana sobre a forma de atuar na Capital federal, que em tese é o centro das decisões. Ou do poder, por excelência. Diz o deputado Benjamin que o posto de coordenador de bancada, em si, não rende dividendos eleitorais. Os tais dividendos eleitorais – ou seja, votos na urna – viriam como decorrência da produtividade das bancadas no sentido de carrear benefícios e investimentos para a população paraibana.
Se não rende dividendos eleitorais por si só, o cargo de coordenador facilita até demais o trânsito de políticos pelos escalões decisórios na Capital federal. Ele é uma espécie de porta-voz de uma bancada. Claro que a nossa bancada, numericamente, não chega a ser expressiva como a de outros Estados realmente influentes, a exemplo de São Paulo, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Mas se houvesse uma frente ampla das bancadas de Estados nordestinos, o confronto Norte versus Sul talvez se tornasse menos desequilibrado ou desigual. Na conjuntura que está posta, é evidente que o Nordeste leva ampla desvantagem na conquista de empreendimentos. Não é de agora que se fala na ausência de projetos estruturantes para beneficiar o nosso Estado. No próprio governo de Dilma Rousseff, tão bem acolhida pelo governador Ricardo Coutinho, nos ressentíamos dos tais programas estruturantes, de infraestrutura.
Perdemos, por exemplo, a batalha dos royalties do petróleo – e olhem que não faltou empenho do então senador Vital do Rêgo, pilhado em embates frequentes com um paraibano que legislava contra a Paraíba, o senador Lindbergh Farias, que defende os interesses do Estado do Rio, onde mantém domicílio e atuação eleitoral. Na questão da divisão com Estados e municípios da repatriação de valores que estavam no exterior, a Paraíba safou-se graças a uma intervenção veemente e lúcida do governador Ricardo Coutinho, que deu um mote a governadores de outros Estados. Foi uma espécie de ovo de Colombo. Até então, ninguém cuidava da hipótese de que a repatriação de valores desviados do erário pudesse servir para beneficiar Estados e municípios asfixiados com a corda no pescoço. O governador paraibano Ricardo Coutinho teve acuidade para tanto.
É fundamental reiterar que, desunida, a bancada federal paraibana não vai estritamente a lugar nenhum. Ou, então, vai. Mas vai para o despenhadeiro, não para o porto seguro. O Estado, que tem sido duramente penalizado nas últimas décadas, não sai do lugar em termos de crescimento gigantesco, registrando vitórias pontuais, específicas, não propriamente um surto generalizado que beneficie, colateralmente, toda a população. Se ainda por cima, por causa de fogueira de vaidades, os nossos senadores e deputados não se entendem, a solução é entrar na igreja, rezar. E pedir encarecidamente pela Paraíba, que não merece tanta desatenção, tanto preconceito.
Nonato Guedes