A reportagem de capa da revista Veja está dando o que falar. Sob o título “A morte dupla”, a revista publica uma foto de Marisa Letícia, mulher do ex-presidente Lula.
A assessoria jurídica de Lula informou, por meio de nota, que vai entrar com processo contra a Veja. “Veja será responsabilizada judicialmente, na forma do artigo 12, parágrafo único, do Código Civil, pelo intolerável atentado à memória de D. Marisa por meio de mentiras e distorções”.
A ex-presidente Dilma também criticou o jornalismo da Veja. Para ela, desqualificado e grotesco. “A revista Veja, desta semana, julga ser necessário ferir sua memória, atingindo tudo o que ela mais amou. Essa campanha perversa e sórdida de destruição da imagem do ex-presidente Lula usa do que há de pior no jornalismo para levantar as mais perversas calúnias e falsidades”, disse ela em nota.
O departamento de jornalismo da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) emitiu nota sobre a reportagem e diz que a revista julga Lula negativamente por ter atribuído a Marisa decisões em relação ao apartamento tríplex do Guarujá, que não chegou a ser propriedade do casal.
O que há de errado em atribuir à própria esposa e companheira uma decisão qualquer que afete a vida da família? Nada, absolutamente nada a menos, é claro, que a revista parta da premissa de que as supostas decisões atribuídas a dona Marisa tenham envolvido ações ilegais, e que Lula tenha se aproveitado do fato de que sua mulher está morta para jogar-lhe o peso da responsabilidade por tais supostas ações, afirma a nota da PUC-SP.
A revista, portanto, já fez o seu julgamento. Já lavrou a sentença condenatória: Lula adquiriu o tríplex como propina, e para se livrar da cadeia manchou a reputação de dona Marisa. Não contente com se antecipar à Justiça, assumindo o lugar do júri e do carrasco, a revista ainda se arroga o direito de interpretar as motivações mais íntimas de Lula, e expor a sua figura à execração pública da forma mais vil, covarde, inaceitável e desumana, sustenta ainda a nota da universidade.
A PUC-SP conclui que é a revista Veja, não Lula, que pisoteia sobre o cadáver daquela que, durante oito anos, foi a primeira-dama de nosso país. Ao atacar a memória de dona Marisa, a revista fere o sentimento de dignidade do povo brasileiro. A exposição de sua foto, na capa, cumpre a função de punir exemplarmente, a exemplo dos rituais da Sagrada Inquisição, uma mulher simples, do povo, que cometeu a ousadia de ocupar o Palácio do Planalto. A Casa Grande não perdoa.