Enfrentando problemas de saúde que se acumulam, de embolia pulmonar a um AVC isquêmico transitório, Dilma Jane, mãe da ex-presidente Dilma Rousseff, é mantida desconectada da realidade e do mundo, tanto que sequer soube que houve o impeachment do mandato da filha e que Dilma foi apeada do poder. Nascida em 1924, Dilma Jane foi casada com o imigrante búlgaro Pétar Russév que era funcionário da siderúrgica Manesmann, quando Dilma Jane era professora. Pétar ou Pedro era conhecido como aventureiro no universo dos negócios, enfrentando oscilações naturais nesse tipo de investimento. Ardiloso, ganhou promoção e ganhou bem mais do que um salário pago a um engenheiro. A família fixou-se em Belo Horizonte e a morte do pai impediu Dilma de fazer uma festa de début em sociedade aos 15 anos.
Dilma Jane foi morar com a filha Dilma Rousseff quando esta se elegeu presidente pela primeira vez. A família ficou hospedada no Palácio da Alvorada. A mãe da presidente, com o agravamento dos problemas de saúde, aos 91 anos, foi internada no Hospital de Base de Brasília. De lá para cá o noticiário tem sido escasso em relação ao verdadeiro estado de saúde de Dilma Jane, e a própria Dilma Rousseff se referiu uma ou duas vezes ao tema, confessando que a mãe estava mantida desinformada do seu afastamento da presidência da República. Na página da ex-presidente na internet, há uma foto registrando Dilma ao lado da mãe e da sua filha Paula, radicada em Porto Alegre e que deu dois netos a Dilma. O drama experimentado pelo clã de Dilma na véspera das comemorações do Dia das Mães guarda semelhança com o que foi vivido por dona Léda Collor, mãe do ex-presidente Fernando Collor de Melo, que sofreu impeachment em 92 acusado de irregularidades e envolvimento com o esquema PC Farias. Dona Léda não tomou conhecimento das desavenças em família, sobretudo entre Pedro Collor e Fernando, e não tornou mais.
O senador Fernando Collor chegou a postar uma mensagem evocando sua mãe e assegurando que sua gratidão é eterna, “por tudo o que a senhora fez por mim, pela aprendizagem que me passou”. No que diz respeito à ex-presidente Dilma Rousseff, ela não forneceu detalhes mais precisos até as últimas horas sobre o quadro em que se encontra sua mãe. A ex-presidente mantém uma agenda de compromissos políticos informais e atende a convites para palestras no exterior, onde, invariavelmente, repete a cantilena de que foi vítima de um golpe político patrocinado por um governo ilegítimo, numa referência a Michel Temer, que foi seu vice. Ainda nestes últimos dias, Dilma foi a Buenos Ayres, Argentina, “vender” a teoria do golpe a círculos internacionais. No Brasil, procura “colar” no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seu maior “guru” político.
À tragédia familiar sofrida por Dilma Rousseff, somou-se o drama vivenciado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o falecimento, há pouco tempo, da sua segunda mulher Marisa Letícia, fiel escudeira dos movimentos para a criação do PT e para viabilizar a ascensão do marido à presidência da República. Marisa Letícia sofreu um AVC isquêmico, foi levada para o Hospital Sírio-Libanês em São Paulo mas não resistiu e veio a óbito. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso foi ao hospital prestar solidariedade a Lula. E o presidente Michel Temer também compareceu ao velório, apesar de hostilizado por grupos de manifestantes fanáticos. Esta semana, a memória de Marisa foi explorada de forma negativa por uma loja de confecções denominada de Marisa. No depoimento ao juiz Sérgio Moro em Curitiba, o ex-presidente Lula repetiu que não teve nada a ver com proposta de compra de um tríplex no Guarujá e de um sítio em Atibaia, no interior de São Paulo. “A Marisa era quem cuidava dessas coisas, porque eu precisava cuidar do Brasil”, asseverou num samba de uma nota só. Aproveitando o dia das Mães, a rede de lojas Marisa recorreu a publicitários para criação de uma peça associando o nome da empresa à referência insistente feita por Lula à sua mulher. Só que o próprio Lula e petistas consideraram que houve uma manipulação grosseira e um desrespeito para com a ex-primeira dama.
No reverso da medalha, enquanto Lula chora a morte da mulher e Dilma se vê às voltas com o estado vegetativo experimentado pela sua mãe, o presidente da República Michel Temer (PMDB) deverá homenagear a mulher, Marcela, juntamente com o filho “Michelzinho”. Bastante jovem em comparação ao presidente Temer, Marcela tentou levar adiante um projeto em nível nacional para beneficiar crianças carentes, mas o próprio governo do marido freou a mobilização invocando falta de recursos orçamentários suficientes, Quando Temer foi efetivado presidente, há um ano, a revista Veja publicou uma reportagem que rendeu comentários nas redes sociais, apresentando-a como “bela, recatada e Do Lar”. As feministas caíram de pau no presidente, acusando-o de machista e de misoginia, aludindo, inclusive, ao fato de que não houve preocupação em aproveitar mulheres na composição do ministério.
Nonato Guedes