Caiu como uma bomba em Brasília o vazamento de delação de um dos donos do frigorífico JBS, Joesley Batista, que gravou conversa em que o presidente Michel Temer teria dado aval para “silenciar” Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara Federal. O presidente da República promoveu reuniões de emergência pela noite de ontem em Brasília e emitiu nota oficial, confirmando a reunião com Joesley Batista mas assegurando que jamais solicitou pagamentos de mesada para obter o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha. Em paralelo, eclodiu o caso de Rocha Loures, principal assessor de Temer, filmado pela Polícia Federal recebendo mala de R$ 500 mil. As acusações das últimas horas respingaram, também, sobre o senador Aécio Neves, ex-candidato do PSDB a presidente da República.
Na manhã de hoje, investigadores policiais estão cumprindo mandados de busca e apreensão em endereços que têm proximidade com o senador tucano Aécio Neves. A nota do Palácio do Planalto é a seguinte: “O presidente Michel Temer jamais solicitou pagamentos para obter o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha. Não participou e nem autorizou qualquer movimento com o objetivo de evitar delação ou colaboração com a Justiça pelo ex-parlamentar. O encontro com o empresário Joesley Batista ocorreu no começo de março no Palácio do Jaburu, mas não houve no diálogo nada que comprometesse a conduta do presidente da República. O presidente defende ampla e profunda investigação para apurar todas as denúncias veiculadas pela imprensa, com a responsabilização dos eventuais envolvidos em quaisquer ilícitos que venham a ser comprovados”.
Segundo o jornalista Lauro Jardim, do jornal “O Globo”, Temer ouviu de Joesley Batista que ele estava dando uma mesada na prisão a Eduardo Cunha e ao operador Lúcio Funaro para que ficassem em silêncio. O presidente teria respondido: “Tem que manter isso, viu?’. Joesley e seu irmão Wesley foram ao gabinete do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, para selar um acordo de delação premiada. A reportagem acrescenta que o senador Aécio Neves, do PSDB, foi gravado pedindo R$ 2 milhões a Joesley e que a quantia foi entregue a um primo do tucano, em ação filmada pela PF. A delação também menciona o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega como contato com o PT. Joesley, diz a reportagem, pagou para Cunha R$ 5 milhões para o ex-presidente da Câmara após a prisão dele em outubro do ano passado. O deputado Alessandro Molon, Rede-RJ, protocolou pedido de impeachment ontem logo após a divulgação da notícia pelo jornal O Globo. Aliado de Temer, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, encerrou a sessão logo após a notícia vir a público, bateu boca com a oposição e deixou o plenário da Casa transtornado.
Nonato Guedes, com agências