O deputado federal Wilson Filho, do PTB paraibano – que está alinhado politicamente com o governador socialista Ricardo Coutinho – desabafou, ontem, que continua “perplexo” com as acusações do executivo Joesley Batista envolvendo o presidente da República, Michel Temer. Ao contrário do que opinou o deputado Efraim Filho, do DEM, Wilson frisou que não há clima para que as atividades no Congresso Nacional sejam mantidas em clima de normalidade até a conclusão da investigação contra Temer.
– Não é possível imaginar que o Congresso e o governo vão conseguir trabalhar da mesma forma como estavam trabalhando. As denúncias envolvendo a gravação da conversa entre o dono da JBS e o presidente foram muito graves e é recomendável que aguardemos uma decisão do Supremo Tribunal Federal a respeito. Somente após essa manifestação da Corte é que a situação poderá voltar à normalidade – adiantou ele, acrescentando que o clamor na sociedade pela convocação de eleições diretas sensibiliza lideranças políticas, até por ser fundamentado e justificado.
O líder do governo na Câmara Federal, o deputado paraibano Aguinaldo Ribeiro, do PP, insista em que a atmosfera de normalidade seja mantida e apela para que não haja um pré-julgamento do presidente Michel Temer sem que o Supremo Tribunal Tribunal aponte os resultados da investigação que deflagrou. Aguinaldo Ribeiro, que foi ministro das Cidades no governo de Dilma Rousseff mas que votou pelo impeachment da presidente do PT, disse que o PP mantém o crédito de confiança no presidente Temer e no seu governo. Ele externou essa posição diretamente a Temer durante reunião informal de que participou, junto com outras lideranças, no final de semana, no Palácio da Alvorada em Brasília.
O ex-senador Wilson Santiago, pai do deputado Wilson Filho e presidente estadual do PTB, que foi candidato ao Senado em 2014, confirmou que recebeu doação proveniente da JBS no valor de R$ 500 mil para a sua campanha, mas garante que tudo foi feito de forma legal e através do seu partido. “Não tenho contatos com a JBS. A contribuição para minha campanha foi do partido, com a origem do recurso devidamente identificada” – finalizou. Wilson chegou a assumir o Senado por 10 meses, na condição de terceiro colocado, em 2011, enquanto durou a pendência enfrentada pelo senador eleito Cássio Cunha Lima, do PSDB, que não tomou posse imediata devido a uma interpretação equivocada da Justiça a respeito de sua citação ou não entre os políticos com ficha suja. Cássio, através de sua defesa, reverteu as manobras e se investiu na titularidade do mandato. O senador tucano está preocupado com a situação do seu colega Aécio Neves, de Minas Gerais, que teve o mandato suspenso em meio a insinuações de envolvimento com a JBS. Mas o próprio Aécio está agilizando medidas legais para reassumir a cadeira que lhe pertence.
Por Nonato Guedes