O prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo, rebateu insinuações de que estaria se articulando para deixar os quadros do PSD, presidido na Paraíba pelo deputado federal Rômulo Gouveia. A versão predominante nos meios políticos dava conta de que o prefeito reeleito teria sido sondado para ingressar no Solidariedade, que é presidido pelo deputado federal Benjamin Maranhão. O próprio Benjamin endossou a revelação de Cartaxo negando entendimentos para sua possível migração partidária. Benjamin explicou que não há necessidade disso, uma vez que “todos estão do mesmo lado”, ou seja, na oposição ao governo Ricardo Coutinho.
Os boatos sinalizavam que Cartaxo estaria desconfortável com o envolvimento de figuras de projeção do PSD no plano nacional, como o ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, em denúncias sobre recebimento de propinas, apuradas pela operação Lava Jato. O prefeito da Capital já havia deixado os quadros do Partido dos Trabalhadores, onde iniciou sua trajetória política, quando do estouro do mensalão, que, a seu ver, contaminou até políticos inocentes que não tinham nada a ver com falcatruas denunciadas. Na prática, Luciano tem evitado se manifestar sobre os episódios atuais da conjuntura nacional, em que acusações respingam indistintamente em várias agremiações.
A hipótese de mudança de partido teria sido sugerida por interlocutores do alcaide pessoense com o argumento de que ele não pode colecionar focos de desgaste, ainda que indiretamente, tendo em vista o seu projeto de ser alternativa das oposições ao governo do Estado em 2018. Luciano, embora não assuma de público a pretensão de concorrer ao Palácio da Redenção, é constantemente mencionado como nome capaz de aglutinar facções dispersas no arco oposicionista estadual. Ele tem reagido a essas notícias jurando que está focado com exclusividade na parte administrativa e no cumprimento de metas que se traçou para promover o desenvolvimento de João Pessoa e melhorar as condições de vida da população. Nas eleições municipais de 2016, Luciano disputou a reeleição já pelo PSD e logrou o feito de ser reconduzido nas urnas já no primeiro turno, derrotando, inclusive, a candidata Cida Ramos, do esquema do governador Ricardo Coutinho, que tem influência política-eleitoral em João Pessoa.
As especulações dos últimos dias sobre migração de Cartaxo acrescentavam que ele estaria desconfortável no PSD, que é encarado como um “biombo” do esquema político do senador tucano Cássio Cunha Lima, a quem Rômulo Gouveia é bastante ligado. Cássio tem tido seu nome cogitado no ninho tucano para concorrer novamente ao Palácio da Redenção, depois de tê-lo ocupado em dois mandatos consecutivos. A derrota para Ricardo Coutinho em 2014 não teria desanimado Cunha Lima de buscar viabilizar espaços de competitividade, desta feita ampliando as composições políticas para se reforçar diante do esquema que possa vir a ser montado pelo oficialismo dirigido por Ricardo Coutinho.
Nonato Guedes