O senador José Maranhão, presidente do PMDB paraibano, desmentiu versões divulgadas pela mídia nacional de que tenha participado de um encontro com o presidente Michel Temer, cuja situação é considerada vulnerável nas avaliações de meios políticos em Brasília. Maranhão explicou que, naturalmente, na condição de homem público, preocupa-se com a manutenção da governabilidade no país e torce para o equacionamento de conflitos que possam tumultuar ações de interesse coletivo. Teria sido exatamente a cobrança de apoio que Temer teria feito no alegado encontro com Maranhão, com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, do DEM e com o ministro da Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy.
A reunião não chegou a figurar na agenda oficial regularmente divulgada pelo Palácio do Planalto. Nas últimas horas, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu ao Supremo Tribunal Federal para tomar o depoimento do presidente Michel Temer, por entender que ele fez uma “confissão” acerca da participação de uma conversa (com o empresário-delator Joesley Batista) na qual foram tratados possíveis crimes de corrupção de agentes públicos. A petição de Janot foi encaminhada ao ministro Edson Fachin, responsável no Supremo Tribunal Federal pelo inquérito aberto com base na delação de executivos da JBS para investigar se o presidente cometeu crimes de corrupção passiva, embaraço à investigação da Lava Jato e organização criminosa.
O ministro Gilmar Mendes ressaltou que a homologação da delação premiada dos executivos da JBS deve ser analisada no plenário da Corte Suprema. O acordo de delação premiada tem gerado polêmica, especialmente porque o Ministério Público concordou em oferecer imunidade penal aos delatores. Para Mendes, não cabe apenas ao relator homologar um acordo, mas a um colegiado do STF ou uma Turma, composta por cinco ministros, ou ainda o plenário, com os onze. O paraibano Herman Benjamin, ministro do Tribunal Superior Eleitoral e relator do processo que poderá cassar a chapa Dilma-Temer, continua sofrendo pressões em Brasília e há até manobras para removê-lo do meio do caminho do presidente.
Desde o início do estudo do caso, o ministro Herman Benjamin deixou claro que sua posição seria pela imputação de responsabilidade à chapa geminada, ou seja, à ex-presidente Dilma Rousseff e ao então vice-presidente Michel Temer. O magistrado foi atropelado por decisões que propuseram a separação das acusações e dos envolvidos. O julgamento, em princípio, está marcado para junho, mas informações de Brasília dão conta de que todos os recursos possíveis estão sendo utilizados para o adiamento dessa manifestação. O ministro Herman Benjamin já deixou vazar em Brasília a informação de que está atento a manobras e que saberá agir para barrar as tentativas de procrastinação ou, mesmo, de inviabilização do seu parecer, que é considerado explosivo para detentores do poder.
Nonato Guedes