Os integrantes da bancada paraibana no Congresso Nacional – três senadores e 12 deputados federais, preferem adotar uma posição de expectativa diante dos desdobramentos da conjuntura política nacional, especialmente do futuro do presidente Michel Temer (PMDB), que está na iminência de ser cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral no julgamento do dia seis de junho, repetindo-se o que aconteceu com a então presidente Dilma Rousseff (PT), que enfrentou um desgastante processo de impeachment e foi mantida apeada do cargo. No caso de Dilma, a expectativa é de preservar o bônus que recebeu – o direito à elegibilidade para os próximos períodos de disputa. Isto facilitará uma eventual candidatura sua ao Senado ou a deputada federal pelo Rio no próximo ano.
Em relação a Michel Temer, a versão é a de que não alimenta outras pretensões eleitorais uma vez concluída a passagem pela presidência da República. Ele luta para pelo menos concluir o mandato de Dilma que lhe coube empalmar desde que ela sofreu impeachment e que a ação foi desmembrada pela Justiça, não o atingindo num primeiro momento. A situação se complicou, porém, com a delação feita pelos irmãos Batista, da empresa de frigoríficos JBS, especialmente de Josley, que gravou conversa tida como comprometedora com Temer, embora advogados deste questionem os áudios de gravação, apontando imprecisões ou lacunas e pondo em dúvida, assim, a sua autenticidade. Independente disso, Temer luta em frentes política e jurídica para evitar qualquer restrição, enquanto opera nos bastidores para frear o ritmo da Operação Lava Jato, apesar de todos os desmentidos do Palácio do Planalto sobre ingerência nesse sentido.
Senadores paraibanos como Cássio Cunha Lima, do PSDB, José Maranhão e Raimundo Lira, do PMDB, sustentam o apoio ao governo de Michel Temer a pretexto de preservar a chamada governabilidade. Deputados federais que estão alinhados com o governo como Efraim Filho, do DEM, e Aguinaldo Ribeiro, do PP, este líder do governo na Câmara, defendem o esforço concentrado com vistas à aprovação de matérias de impacto público, a exemplo das reformas trabalhista e previdenciária. Apesar das restrições opostas por segmentos da sociedade a aspectos pontuais das reformas, parlamentares paraibanos ponderam que elas implicarão em avanços e que o Brasil precisa absorvê-las paara não ficar na contramão da História, uma vez que diversos países já estão modernizando suas legislações referentes a esses aspectos.
O deputado federal Wellington Roberto, do PR, não esconde a sua discordância com relação à forma com que o governo vinha conduzindo as reformas. Ao mesmo tempo, ele confidenciou em Brasília que não é otimista com relação à permanência de Michel Temer na presidência e sugere que o Congresso Nacional tem que encontrar uma forma rápida de lidar com uma eventual sucessão. De sua parte, o deputado federal Hugo Motta, do PMDB, preconiza que a agenda do Congresso não seja prejudicada em virtude dos impasses que estão acontecendo. “Nós temos que continuar trabalhando. O Congresso não pode parar. Somos representantes do povo e o mínimo que o povo espera dos parlamentares é trabalho”, expressou o parlamentar peemedebista.
Nonato Guedes